Notícia
Estudos sobre mudanças climáticas e eventos extremos precisa aumentar
Países em desenvolvimento precisam ampliar esse tipo de estudo a fim de possibilitar avaliar os impactos e gerar cenários futuros, avalia pesquisadora membro do IPCC
Nasa / ISS, divulgação.
Fonte
Agência FAPESP | Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo
Data
quarta-feira, 13 junho 2018 12:40
Áreas
Ciência Ambiental, Clima, Mudanças Climáticas, Saúde
Com o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor e de frio, além de secas e enchentes em diferentes partes do mundo, começaram a surgir nos últimos anos estudos com o intuito de avaliar se essas ocorrências podem ser atribuídas às mudanças climáticas causadas pela ação humana ou para estimar riscos de novos eventos nas próximas décadas.
Esses tipos de estudos, que necessitam de conhecimento de metodologias de detecção e atribuição, longos registros de observações e simulações de modelos climáticos, ainda são raros em países em desenvolvimento, como os da América do Sul. Mas são necessários para possibilitar avaliar os possíveis impactos das mudanças climáticas globais em escala regional e contribuir para a geração de cenários futuros.
A avalição foi feita por Carolina Susana Vera, professora da Universidade de Buenos Aires (UBA), da Argentina, em palestra na 5ª Conferência Regional sobre Mudanças Climáticas Globais, que ocorreu nos dias 5 e 6 de junho no Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP).
“Os estudos de detecção e atribuição das mudanças climáticas a eventos climáticos extremos individuais e de previsão de novos eventos têm aumentado em muitas partes do mundo, mas na América do Sul ainda há poucos”, comparou Vera.
“Isso não significa que não têm ocorrido eventos climáticos extremos na região. É que ainda há uma comunidade pequena de pesquisadores sul-americanos estudando esse tema”, disse a pesquisadora argentina, que é membro do grupo de trabalho 1 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas Globais (IPCC, na sigla em inglês), sobre as bases físicas das mudanças climáticas, e uma das autoras líderes do relatório especial sobre “Gerenciamento dos riscos de eventos extremos e desastres” (SREX, na sigla em inglês), publicado em 2012.
Segundo Vera, um dos poucos estudos feitos nos últimos anos na América do Sul com o intuito de avaliar a relação de um evento climático extremo com o aquecimento global foi sobre a seca no verão na região Sudeste do Brasil em 2014, que fez com que estados da região enfrentassem a maior escassez de água das últimas décadas.
Nesse evento climático extremo, contudo, os autores do estudo, publicado em 2015 na revista Climate Dynamics, constataram que as mudanças climáticas antropogênicas (causadas pelo homem) não foram o fator que mais influenciou a ocorrência da seca.
Um ano antes, em dezembro de 2013, o Sudeste do Brasil experimentou um evento climático extremo contrário à seca de 2014: chuvas intensas durante mais de 15 dias, que causaram inundações e, consequentemente, grandes impactos socioeconômicos.
Na mesma época, a Argentina enfrentou, também em dezembro de 2013, uma onda de calor extremo durante mais de 15 dias, que foi a mais longa dos últimos 75 anos e fez com que o sistema de energia da capital do país entrasse em colapso.
Ao estudar essa onda de calor na Argentina, a pesquisadora e colegas conseguiram identificar que esse evento climático extremo foi causado em parte pelo aquecimento global antropogênico. E estimaram que, com o aquecimento global, esse tipo de evento, que ocorria uma vez a cada 75 anos, passaria a acontecer uma vez a cada 15 anos.
Os resultados do estudo foram publicados em suplemento especial do Bulletin of the American Meteorological Society (BAMS). “A conclusão desse estudo foi recebida na Argentina com um pouco de ceticismo”, disse Vera.
Acesso o conteúdo completo na página da Agência FAPESP.
Fonte: Elton Alisson | Agência FAPESP. Imagem: Divulgação.
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