Notícia
Estudo vai mapear efeitos de longo prazo da tragédia de Brumadinho
Saúde mental da população é o foco do trabalho da UFMG e da Fiocruz
Blog da Saúde do Ministério da Saúde
Fonte
UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais
Data
segunda-feira, 2 setembro 2019 12:55
Áreas
Saúde. Meio Ambiente. Sociedade.
A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) vai participar de estudo que pode evitar que a população de Brumadinho passe por nova tragédia: trata-se do primeiro estudo longitudinal no Brasil com foco nas populações afetadas por desastres causados por mineradoras. A situação, decorrente do rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro deste ano, pode ter consequências visíveis somente em médio e longo prazos.
A Dra. Maila de Castro e o Dr. Frederico Garcia, professores do Departamento de Saúde Mental da UFMG, integram o grupo que acompanhará a população do município durante duas décadas para identificar mudanças no comportamento e na saúde mental. Esse é um dos módulos da pesquisa desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – com colaboração da UFMG –, que busca identificar alterações em diversos aspectos da saúde da população para a tomada de decisões que possam controlar e até mesmo antecipar problemas futuros.
“No caso da saúde mental, vamos avaliar os transtornos relacionados ao Estresse Pós-traumático”, antecipa a professora Maila de Castro. O rompimento da barragem provocou a morte de 248 pessoas e 22 seguem desaparecidas. Além das perdas humanas, o tsunami de rejeitos atingiu vilarejos do município e o leito do Rio Paraopeba, provocando também danos ambientais.
De acordo com a professora, a soma dessas perdas pode causar cicatrizes em longo prazo, que são fatores de risco para transtornos psiquiátricos, como a depressão. “São muitas situações de luto. Houve pessoas que perderam suas casas, entes queridos, que perderam seus pais. As crianças, por exemplo, podem sofrer com isso ao longo da vida”, comenta a Dra. Maila, que coordenou, junto com o professor Frederico Garcia, uma pesquisa sobre a saúde mental das famílias atingidas pela barragem de Fundão, em Mariana.
Embora as catástrofes tenham suas particularidades, a experiência com a população de Bento Rodrigues, em Mariana, possibilita levantar algumas hipóteses do que se espera encontrar em Brumadinho. Uma delas é a prevalência de comportamento suicida e a desesperança no futuro. “Mesmo sem depressão, fica o sentimento de falta de esperança na resolução dos problemas e na penalização dos responsáveis. Isso também afeta a qualidade de vida da pessoa”, completa a Dra. Maila. Outra preocupação é com a toxidade da lama, que carrega metais pesados e pode provocar intoxicações agudas, com possíveis danos também à saúde mental.
Potenciais efeitos à sade mental
Segundo o Blog da Saúde, do Ministério da Saúde, um evento traumático, seja individual ou coletivo, como o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), pode causar grave sofrimento para as pessoas, afetando de forma significativa sua qualidade de vida. Em alguns casos a desordem verificada tende a persistir podendo evoluir para um quadro de Transtorno de Estresse Pós-traumático, gerando uma consequência danosa, incluindo o desenvolvimento de outras psicopatologias imediatas ou em longo prazo. Identificar os sinais e procurar ajuda profissional são fundamentais para a prevenção e tratamento destes quadros.
Sinais físicos
Palpitações
Hipertensão
Alergias
Dor de cabeça ou até crises de enxaqueca
Problemas Gastrointestinais
Tontura
Dor no peito
Fadiga crônica
Sinais emocionais
Pesadelos
Revivescência: Lembranças espontâneas, involuntárias e recorrentes do evento
Crises de ansiedade e/ou Episódios de pânico
Fuga e esquiva
Distanciamento emocional
Reações de fuga exageradas
Distúrbios do sono
Dificuldade de concentração
Irritabilidade
Hipervigilância (estado de alerta)
Sentimentos negativos
Medo intenso
Acesse a notícia completa na página da UFMG.
Acesse a notícia sobre os cuidados com a lama e rejeitos da Barragem de Brumadinho no Blog da Saúde.
Fontes: Karla Scarmigliat, Jornalista da Faculdade de Medicina da UFMG e Janaina Bolonezi, do Blog da Saúde do Ministério da Saúde.
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