Notícia

Estudo revela que restam apenas 11% da cobertura vegetal natural da Caatinga

De acordo com o estudo, ação humana foi a principal responsável pela degradação do bioma

Dr. Helder Araújo, UFPB

Fonte

UFPB | Universidade Federal da Paraíba

Data

quarta-feira, 7 fevereiro 2024 11:45

Áreas

Agricultura. Agropecuária. Biodiversidade. Biomas. Ciência Ambiental. Desmatamento. Ecologia. Engenharia Florestal. Geografia. Gestão Ambiental. Monitoramento Ambiental. Políticas Públicas. Queimadas. Recursos Naturais. Solo.

Na região da Caatinga, restam apenas 11% da cobertura natural da vegetação. O percentual, que consta em um artigo publicado recentemente na revista científica Scientific Reports, foi aferido pela Dra. Nathália Canassa e pelo Dr. Helder de Araújo, pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além da Dra. Célia Machado, professora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e do Dr. Marcelo Tabarelli, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

De acordo com o estudo, a região era formada naturalmente por áreas de florestas secas (84,6%) e áreas arbustivas (15,3%), compostas de vegetação de menor porte, abaixo dos 6 metros de altura. As áreas mais impactadas pelas transformações foram as florestas, uma vez que, atualmente, elas representam apenas 4% da Caatinga. Por outro lado, as áreas arbustivas avançaram 390% sobre as matas fechadas e mais densas, devido a um processo de degradação florestal resultante de um histórico de uso da terra. As florestas da Caatinga perderam espaço também para a agricultura, as pastagens (em uso ou abandonadas) e as áreas sem vegetação, como zonas urbanas e áreas em processo de desertificação.

Para chegar a esses números, os cientistas estimaram a área de cobertura vegetal original de florestas e de vegetação arbustiva da Caatinga por meio de uma metodologia que empregou uma modelagem de distribuição potencial de espécies, técnica interdisciplinar para estimar a ocorrência e a extensão do habitat de espécies foco, como algumas endêmicas nesse caso. Também foram utilizadas informações do MapBiomas sobre a cobertura vegetal da Caatinga existente na atualidade, bem como dados sobre clima e modificações humanas na região.

A pesquisa apontou que a principal causa de todas essas transformações na Caatinga tem sido a ação humana histórica e atual ocorrida na localidade, que atinge a capacidade intrínseca de resistência do bioma naturalmente adaptado às altas temperaturas e às chuvas escassas, sobretudo nas áreas de floresta.

Como exemplo dessa dificuldade de regeneração do bioma, o pesquisador Dr. Marcelo Tabarelli, um dos colaboradores da pesquisa, apontou, em um outro estudo, que um dos efeitos da derrubada das matas nativas para cultivo ou pastagem é o aumento no número de ninhos de saúva (uma espécie de formiga), que chegam a até 3 metros de profundidade e retardam o crescimento da vegetação quando a terra não tem mais serventia à agropecuária.

“A agricultura de corte e queima, a pecuária extensiva [que ocupa grandes áreas de terra], o extrativismo predatório e os ciclos de agricultura intensiva, por exemplo, do algodão, converteram grandes extensões de floresta. Hoje essas áreas mantêm algumas destas atividades, mas, principalmente, uma vegetação dominada por arbustos, resultante de estágio de regeneração alternativo e estabilizado, caracterizado como um tipo de degradação florestal”, afirmou o Dr. Helder de Araújo.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal da Paraíba.

Fonte: Vinícius Vieira e Aline Lins, UFPB, com informações de Carlos Fioravanti, da Revista Fapesp. Imagem: Dr. Helder Araújo, UFPB.

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