Notícia

Estudo inédito aponta que animais amazônicos podem utilizar adaptações genéticas para enfrentar mudanças climáticas

Uma hipótese é que as respostas da espécie de lagarto estudada às alterações ambientais possam ser repetidas em outras espécies de animais

Bernard Dupont via Wikimedia Commons

Fonte

INPA | Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

Data

segunda-feira, 3 junho 2024 11:40

Áreas

Biodiversidade. Biologia. Clima. Conservação. Geografia. Modelagem Climática. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. Zoologia.

Um novo estudo, publicado recentemente na revista científica Diversity and Distributions, revelou que animais da Amazônia podem possuir condições genéticas adaptáveis às mudanças climáticas.

O estudo foi conduzido por uma equipe internacional liderada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) em colaboração com pesquisadores da Universidade de Gotemburgo (na Suécia), Kew Botanical Gardens (no Reino Unido) e da Universidade de Brasília (UnB). O artigo também aponta estratégias para a manutenção desses processos biológicos fundamentais no bioma.

Buscando entender como os animais amazônicos podem se adaptar às mudanças climáticas, o grupo de pesquisadores utilizou o calango da mata rabo-de-chicote (Kentropyx calcarata), utilizando dados genéticos amostrados em populações naturais para inferir adaptação climática, dados climáticos atuais e projeções para 2040, 2070 e 2100 com base nos cenários do Coupled Model Intercomparison Project. Além disso, foram utilizados dados de desmatamento para prever onde esses grupos poderão viver no futuro.

No total foram analisadas e coletadas amostras de 112 lagartos de várias regiões geográficas. A partir disso a equipe, utilizando análises de associação genoma-ambiente, identificou as regiões do genoma (loci ou SNPs, do inglês single nucleotide polymorphism) que indicam variação genética adaptativa ao clima, identificando diferentes grupos genéticos adaptados a climas específicos, como áreas secas e mais sazonais no sudoeste da Amazônia e ao longo da região de transição entre a Amazônia e o Cerrado e áreas úmidas e menos sazonais da Amazônia central.

Foram usados modelos climáticos de como serão as temperaturas nessas áreas até 2100. A equipe avaliou a distribuição geográfica e potencial de resgate evolutivo entre populações da espécie em dois cenários: o moderado, com mudanças climáticas moderadas em relação ao clima que temos hoje; e o extremo, com mais emissão de carbono e climas mais extremos em relação ao clima atual. As comparações apontam que, no cenário extremo, existe uma grande perda da distribuição potencial indicando alto risco de extinção local da espécie. Por outro lado, o que se mostra é que se a humanidade controlar as emissões de carbono, há uma previsão melhor quanto à distribuição potencial e o resgate evolutivo da espécie.

Paralelo a isso, os cientistas analisaram um conjunto de dados sobre a cobertura vegetal e o impacto humano, em cenários moderados e extremos. Nos cenários moderados, em que a floresta permanece do jeito que está, a espécie tem um bom potencial para se adaptar às mudanças climáticas até 2070. Mas se a floresta chegar a cenários extremos, de desmatamento e mudanças climáticas severas, essa variação genética pode não ser suficiente para evitar a extinção de populações locais, reduzindo também o potencial de adaptação da espécie como um todo.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

Fonte: INPA. Imagem: Kentropyx calcarata. Fonte: Bernard Dupont via Wikimedia Commons.

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