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Estudo indica que impactos das mudanças climáticas na saúde não estão sendo registrados adequadamente

Documento resultante pede colaboração global no sentido de incluir contextos geográficos e regionais únicos de risco experimentados de forma desproporcional nos países mais afetados pelas mudanças climáticas

pressfoto via Freepik

Fonte

Universidade Monash

Data

quarta-feira, 16 agosto 2023 11:50

Áreas

Biologia. Ciência Ambiental. Ciência de Dados. Clima. Desigualdade Socioambiental. Gestão da Saúde. Mudanças Climáticas. Saúde. Sociedade. Tecnologias.

Um estudo conduzido pela Universidade Monash, na Austrália, propôs uma solução para a necessidade urgente de capturar dados em tempo real sobre o impacto de eventos relacionados à mudança climática na saúde humana, envolvendo profissionais de saúde e sistemas de saúde no ponto de atendimento.

À medida que a comunidade global enfrenta crescentes desafios climáticos, o estudo pede ação, colaboração e inovação para proteger a saúde e o bem-estar humanos diante das crises ambientais.

Publicado na revista científica Journal of the American Medical Informatics Association, o estudo destacou os principais conceitos relacionados a desastres naturais e climáticos, como ondas de calor e secas, que precisam ser integrados à terminologia médica padronizada.

A Dra. Zerina Lokmic Tomkins, professora de Enfermagem e Obstetrícia da Universidade Monash, liderou o projeto com um grupo internacional de pesquisadores.

“A mudança climática, um fator crítico de risco de desastres naturais, está rapidamente colocando em risco a sustentabilidade ambiental global, a saúde planetária, a saúde da população e as metas de desenvolvimento sustentável”, disse a Dra. Zerina Tomkins.

“Nossa pesquisa indica que as terminologias clínicas atuais carecem da profundidade necessária para capturar toda a gama de perigos associados à mudança climática, particularmente aqueles ligados a fatores ambientais e meteorológicos. Essa lacuna dificulta nossa capacidade de entender genuinamente a extensão do impacto dos desastres naturais relacionados ao clima na saúde humana, mas também como planejamos fornecer assistência médica eficaz durante desastres e [como] planejamos intervenções para apoiar os sistemas de saúde em tempos de crise”, continuou a Dra. Zerina Tomkins.

O estudo destacou a necessidade de terminologias clínicas abrangentes para capturar desastres causados pelo clima e eventos relacionados a riscos que afetam a saúde humana e a prestação de serviços de saúde sustentáveis na preparação, resposta e recuperação associados a esses eventos.

Os pesquisadores mapearam os Perfis de Informação de Perigos (HIP) do Escritório das Nações Unidas para Redução de Risco de Desastres-Conselho Científico Internacional (UNDRR-ISC) considerando o SNOMED CT International, uma terminologia clínica amplamente usada para registros eletrônicos de saúde.

O documento resultante pede colaboração global para expandir o SNOMED CT International no sentido de incluir contextos geográficos e regionais únicos de risco experimentados de forma desproporcional nos países mais afetados pelas mudanças climáticas.

“Ao incluir diversas perspectivas e contribuições globalmente, a terminologia clínica pode refletir melhor as necessidades globais de saúde e melhorar a preparação para desastres e os esforços de resposta”, disse a professora Zerina Tomkins. Isso significa capturar perigos ligados a aglomerados meteorológicos, como ondas de calor e secas, que têm impacto significativo na saúde humana ao longo da vida. Aprimorar a terminologia aceita globalmente permitiria que médicos, autoridades de saúde pública e informáticos de saúde gerenciassem grandes volumes de dados clínicos e recuperassem, analisassem e contextualizassem para situações específicas relacionadas ao clima”, continuou a professora.

“Esses dados podem ser utilizados para desenvolver intervenções baseadas em evidências, prever impactos futuros com mais precisão e apoiar a tomada de decisões informadas por formuladores de políticas e líderes governamentais para estratégias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, destacou a Dra. Zerina Tomkins.

O trabalho revelou lacunas nas terminologias clínicas disponíveis para profissionais de saúde durante eventos relacionados a desastres. Notavelmente, os perigos relacionados a fatores meteorológicos, hidrológicos, extraterrestres, ambientais, tecnológicos e sociais foram mal mapeados.

A professora Zerina Tomkins disse que uma das descobertas mais preocupantes foi a ausência de perigos como ‘onda de calor’ e ‘seca’ no SNOMED CT International.

“Esses fenômenos se intensificaram devido às mudanças climáticas e têm impactos significativos na saúde humana, padrões de migração e situações de conflito armado em todo o mundo”, disse. “Corrigir esse déficit no SNOMED CT é crucial para capturar esses eventos como fatores causadores de problemas relacionados à saúde”.

O estudo também destaca as desigualdades na infraestrutura global dos sistemas de informação em saúde, particularmente em áreas onde os sistemas de saúde carecem de capacidade para usar terminologias padronizadas. Essa lacuna de dados agrava ainda mais os desafios na prestação de cuidados básicos para populações vulneráveis em ambientes com recursos limitados, dificultando os esforços de saúde sustentáveis.

“Nosso trabalho está apenas começando. Ao enfrentar esses desafios e expandir as terminologias clínicas, podemos ajudar a desenvolver sistemas comunitários e de saúde resilientes que possam efetivamente lidar com o aumento da frequência e intensidade dos desastres relacionados às mudanças climáticas”, concluiu a professora.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Monash (em inglês).

Fonte: Universidade Monash. Imagem: pressfoto via Freepik.

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