Notícia

Estudo conclui que recuperação da biodiversidade de rios europeus estagnou na década de 2010

Na Europa, nas últimas três décadas, têm sido implementadas diversas medidas de mitigação para combater a degradação dos rios e dos seus ecossistemas

Divulgação, Universidade de Coimbra

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

quinta-feira, 14 setembro 2023 16:35

Áreas

Biodiversidade. Biologia. Ciência Ambiental. Ecologia. Geografia. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. Oceanografia. Sustentabilidade. Zoologia.

Um estudo internacional com a participação da Dra. Maria João Feio e do Dr. Manuel Graça, pesquisadores do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em Portugal, publicado na revista científica Nature, concluiu que, apesar das tendências positivas dos anos 90, a partir de 2010, a recuperação da biodiversidade dos rios [europeus] estagnou.

Na Europa, nas últimas três décadas, e principalmente após a publicação da ‘Diretiva Quadro da Água’, em 2000, têm sido implementadas diversas medidas de mitigação para combater a degradação dos rios e dos seus ecossistemas. No entanto, o número de fatores que ameaçam estes ecossistemas continua aumentando em todo o mundo.

Assim, “este estudo pretendeu analisar se, ao longo das últimas décadas, tem havido efetivamente uma recuperação da biodiversidade aquática dos sistemas ribeirinhos ao longo do tempo, como resultado das medidas de mitigação implementadas na Europa, e quais os fatores que a determinaram”, explicou a Dra. Maria João Feio, acrescentando que foi possível concluir “que houve realmente um pequeno aumento do número de espécies (0,73% por ano), riqueza funcional (2,4% por ano) e abundância (1,7% por ano) nas comunidades de macroinvertebrados aquáticos”.

No entanto, continuou a pesquisadora, “apesar destas tendências positivas, o número de espécies ainda diminuiu em 30% dos locais. Os ecossistemas ribeirinhos onde se verificou menor recuperação foram os localizados a jusante de barragens, em áreas urbanas e terrenos agrícolas. Além disso, as comunidades de invertebrados localizadas em zonas com taxas de aquecimento mais rápidas tiveram menor recuperação, o que mostra os impactos das alterações climáticas, nomeadamente o efeito do aumento da temperatura”, alertou.

De acordo com os especialistas, os aumentos verificados na biodiversidade ocorreram principalmente antes da década de 2010 e, desde então, estagnaram. Os ganhos em biodiversidade nas décadas de 1990 e 2000 refletem a melhoria da qualidade físico-química da água, devido à implementação de sistemas de tratamento mais eficazes e projetos de reabilitação ou restauro ecológico. Já a desaceleração na recuperação da biodiversidade ribeirinha da década de 2010 mostrou que as medidas atuais não são suficientes, traduzindo-se cada vez menos em resultados positivos na recuperação da biodiversidade.

Esta estagnação, referiu ainda a pesquisadora, “ocorreu porque surgiram também novas ameaças, nomeadamente poluentes emergentes, como fármacos e microplásticos, alterações climáticas e espécies invasoras. De fato, o número de espécies não-nativas (encontradas em 69% dos locais analisados) tem aumentado de forma acentuada (4% por ano)”, afirmou.

Com estes resultados, os pesquisadores consideram “urgente continuar o restauro ecológico baseado na renaturalização e recuperação das espécies, não meramente estético, ou focado no escoamento, ou na remoção de nutrientes da água, mas também de um novo planejamento focado nos novos impactos, tais como poluentes emergentes, alterações climáticas e espécies invasoras. Além disto, a investigação mostra também a importância da continuação da monitorização ecológica dos rios de forma a que se possam fazer estudos que abordem as evoluções temporais”, concluíram.

A pesquisa, que envolveu 96 investigadores europeus de 70 instituições, foi coordenada por pesquisadores do Senckenberg Research Institute e Natural History Museum Frankfurt, da Alemanha.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.

Fonte: Sara Machado, FCTUC. Imagem: Divulgação, Universidade de Coimbra.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account