Notícia

Estudo aponta que incêndios florestais no Brasil pioram qualidade do ar em cidades distantes

Fonte

Universidade de Birmingham

Data

segunda-feira, 27 janeiro 2020 10:35

Áreas

Qualidade do Ar. Queimadas.

O planeta é frequentemente afetado pela fumaça de incêndios causados ​​por seres humanos e processos naturais. Austrália, Califórnia e outras regiões são propensas a incêndios sazonais e fumaça de incêndios florestais e queimadas agrícolas, piorando a qualidade do ar em locais a até 2.000 km de distância.

A maioria dos incêndios florestais no Brasil ocorre na estação seca entre julho e setembro nas áreas da Amazônia, do Cerrado e nos Pampas. Dependendo do clima, o transporte de fumaça em longo prazo afeta a qualidade do ar de pequenas e grandes cidades a favor dos ventos, incluindo a ‘megacidade’ de São Paulo.

A queima de biomassa produz quantidades crescentes de ozônio baixo devido, em parte, ao sistema subtropical de alta pressão do Atlântico Sul. Transportada a distâncias consideráveis ​​do incêndio, essa poluição contribui ainda mais para a baixa qualidade do ar e a poluição atmosférica em cidades como São Paulo.

Pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), publicaram suas descobertas na revista científica Journal of Environmental Management.

O professor Dr. Roy Harrison, da Universidade de Birmingham, comentou: “O estado de São Paulo adotou medidas progressivas para conter a poluição do ar, como controlar o dióxido de enxofre de fontes industriais e aplicar padrões para veículos e combustíveis mais limpos. No entanto, os resultados atuais indicam que as políticas voltadas para a redução da queima de biomassa são de extrema importância para melhorar a qualidade do ar urbano, particularmente em áreas densamente povoadas, onde altas concentrações de poluentes são frequentemente observadas”.

Além de afetar a qualidade do ar e aumentar o risco de morte por causas respiratórias, o ozônio é um agente climático de curta duração – um composto atmosférico com efeito de aquecimento, mas com vida útil mais curta que o dióxido de carbono. A redução dos níveis de ozônio tem dois benefícios principais: redução do impacto na qualidade do ar e no clima.

Os dados de emissão atmosférica sugerem que as emissões da queima de biomassa constituem uma parte substancial dos precursores da formação de O3.

O Dr. Admir Créso Targino, da UTFPR, comentou: “Precisamos de uma governança aprimorada nos níveis regional, nacional e internacional para combater as práticas de queima de biomassa no Brasil e nos países vizinhos. Não apenas a saúde da população se beneficiaria com essa medida, mas também o clima regional, pois o ozônio e as partículas geradas pelos incêndios são intensificadores climáticos de vida curta. Essa abordagem estaria bem alinhada com o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global abaixo de 2° C em comparação com o período pré-industrial – uma medida crítica na luta contra as mudanças climáticas. ”

Pesquisadores combinaram dados de ozônio in situ, medidos nos estados de São Paulo e Paraná de 2014 a 2017, com informações sobre uma série de co-poluentes como NOx, PM2.5 e PM10 para identificar fontes, transporte e padrões geográficos no ar dados de poluição.

As concentrações de ozônio atingiram o pico em setembro e outubro – ligadas à queima de biomassa e à fotoquímica aprimorada. O transporte de fumaça em longo prazo contribuiu com uma parcela entre 23% e 41% do ozônio total durante eventos de poluição.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Birmingham (em inglês).

Fonte: Universidade de Birmingham. Imagem: Francisca Viana.