Notícia

Estudo aponta excesso de manganês em espécies de peixes no estuário do Rio Doce

O risco das elevadas concentrações de manganês em água se refletiu em altos teores de manganês em duas espécies de peixes, o bagre amarelo (Cathoropus spixii) e o peixe-gato marinho (Genidens genidens)

Xosé L. Otero

Fonte

Esalq USP | Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo

Data

sábado, 27 março 2021 06:30

Áreas

Monitoramento Ambiental. Recursos Hídricos.

Equipes do Grupo de Estudo e Pesquisa em Geoquímica de Solos do Departamento de Ciência do Solo (GEPGEoq) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e do projeto Rede SoBEs Rio Doce – Rede de Solos e Bentos na Foz do Rio Doce –  vêm estudando os impactos do rompimento da barragem de Fundão no desastre de Mariana no estuário do Rio Doce.

O mais recente estudo realizado pelo grupo, em parceria com pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside, nos Estados Unidos, mostra que após dois anos da chegada dos rejeitos, há uma liberação constante de manganês dos solos do estuário para a água.

“Os dados da pesquisa apontam para um aumento de 880% no conteúdo de manganês dissolvido em água em 2017 em comparação aos valores observados em 2015, dias após a chegada dos rejeitos”, apontou Hermano Queiroz, pesquisador da Esalq que realiza sua tese de doutorado sob orientação do Dr. Tiago Osório Ferreira, professor do Departamento de Ciência do Solo. Segundo os pesquisadores, os valores encontrados em 2017 foram 5 vezes maiores do que o limite definido pelas diretrizes brasileiras de qualidade da água do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

De acordo com os resultados, o risco das elevadas concentrações de manganês em água se refletiu em altos teores de manganês em duas espécies de peixes, o bagre amarelo (Cathoropus spixii) e o peixe-gato marinho (Genidens genidens), ambas comumente consumidas pela população local, fato que representa um risco crônico para a saúde das comunidades ali presentes.

Os resultados evidenciaram concentrações de manganês 2 vezes maiores nos peixes do Rio Doce quando comparadas às de peixes de outros locais conhecidamente contaminados por manganês.

Manganês

O manganês (Mn) é um elemento abundante na natureza e por isso muitas vezes não é percebido como tóxico, mesmo quando encontrando em elevadas concentrações no solo e na água. Conforme os pesquisadores, não existem valores limites de manganês para solos, apesar de pesquisas apontarem efeitos tóxicos em plantas, animais e seres humanos. Em seres humanos, as elevadas concentrações de Mn são associadas a doenças como o Alzheimer, além de outros distúrbios neurodegenerativos e do sistema nervoso central.

Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Environment International.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Esalq/USP.

Fonte: Caio Albuquerque, Esalq/USP. Imagem: Coleta de amostras de água no estuário do Rio Doce em 2015, logo após a chegada de rejeitos na região. Fonte: Xosé L. Otero.

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