Notícia

Estudo ajuda a compreender e a prever os efeitos das alterações climáticas na biodiversidade do solo

A variabilidade espacial desempenha um papel essencial no controle das principais características e serviços dos ecossistemas, como o desempenho das plantas, a produtividade dos ecossistemas, as interações tróficas ou a ciclagem de nutrientes do solo

Marina Maliutina via Unsplash

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

terça-feira, 22 dezembro 2020 06:40

Áreas

Biodiversidade. Ecologia. Mudanças Climáticas.

Os pesquisadores Dr. Jorge Durán, do Centro de Ecologia Funcional da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), e o Dr. Manuel Delgado-Baquerizo, da Universidade Pablo de Olavide (Sevilha, Espanha), avaliaram, pela primeira vez, de que forma e por que razão a variabilidade espacial da biodiversidade do solo muda em ecossistemas terrestres a uma escala global.

A variabilidade espacial, ou seja, a distribuição desigual das propriedades do solo, desempenha um papel essencial no controle das principais características e serviços dos ecossistemas, como o desempenho das plantas, a produtividade dos ecossistemas, as interações tróficas ou a ciclagem de nutrientes do solo.

Os resultados deste estudo, publicado na revista Scientific Reports, são essenciais “para melhorar a nossa capacidade de compreender e prever os complexos efeitos das alterações climáticas na biodiversidade do solo, bem como para projetar medidas de detecção e mitigação precoces mais eficazes”, afirmou o Dr. Jorge Durán.

“Sabemos que a variabilidade espacial das propriedades e funções do solo é controlada pela interação de vários atributos biológicos, químicos e físicos. No entanto, pouco se sabe acerca dos fatores que controlam a variabilidade espacial dos organismos subterrâneos. O que não deixa de ser surpreendente, porque a biodiversidade do solo é um fator essencial em múltiplas funções do ecossistema. Embora a pesquisa na última década tenha sido capaz de identificar os fatores ambientais mais importantes que controlam a biodiversidade dos organismos do solo, um aspecto que tem sido negligenciado nesses estudos é sua variabilidade espacial”, explicou o pesquisador do Centro de Ecologia Funcional da FCTUC.

O estudo visou precisamente preencher estas lacunas no conhecimento. Os pesquisadores analisaram uma grande base de dados, de solo e vegetação, de 87 locais diferentes de todos os continentes (exceto Antártica), atingindo uma ampla gama de condições climáticas, tipos de vegetação, idades e origens do solo.

Os resultados obtidos, afirmam os especialistas, “mostram que a variabilidade espacial dos principais grupos de organismos do solo (bactérias, fungos, protistas e invertebrados) está altamente correlacionada nos diferentes ecossistemas, sugerindo fortes ligações entre os diferentes grupos, e que qualquer fator ou distúrbio que afete um grupo, afeta provavelmente o resto dos grupos de organismos do solo de maneira semelhante”.

Observou-se também que a variabilidade espacial dos organismos do solo “é controlada principalmente pela estrutura da vegetação, que, por sua vez, é influenciada pela aridez e por diferentes atributos do solo. Assim, áreas com baixa cobertura vegetal, mas alta heterogeneidade espacial das plantas, estão consistentemente associadas a altos níveis de variabilidade espacial da biodiversidade do solo. Além disso, o nosso estudo sugere a existência de vínculos significativos e não descritos entre a variabilidade espacial da biodiversidade do solo e importantes funções do ecossistema, como o sequestro de carbono, a ciclagem de nutrientes ou produtividade vegetal”.

As implicações destes resultados, segundo os autores do estudo, são amplas num contexto de alterações climáticas, “pois indicam que as reduções na cobertura vegetal (por exemplo, via desertificação, aumentos na aridez ou desmatamento) são suscetíveis de aumentar a variabilidade espacial dos organismos do solo, o que poderia comprometer a capacidade dos diferentes ecossistemas de realizar funções importantes e manter serviços ecossistêmicos chave”.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.

Fonte: Cristina Pinto, Universidade de Coimbra. Imagem: Marina Maliutina via Unsplash.

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