Notícia
Estudante da Universidade do Porto mapeia Cabo Verde para proteger tartarugas dos plásticos
Com o objetivo de ajudar na conservação da tartaruga-comum, Diana Sousa Guedes está usando imagens de drone para mapear o lixo marinho nas praias de Cabo Verde
Diana Sousa Guedes, Universidade do Porto
Fonte
Universidade do Porto
Data
quarta-feira, 10 janeiro 2024 13:50
Áreas
Biodiversidade. Biologia. Ecologia. Educação Ambiental. Geografia. Gestão de Resíduos. Materiais. Monitoramento Ambiental. Oceanografia. Saúde. Sustentabilidade. Toxicologia.
Diana Sousa Guedes, doutoranda em Biologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), em Portugal, está mapeando, com a ajuda de um drone, o lixo marinho das praias de Cabo Verde, num trabalho que procura perceber o impacto dos plásticos nas tartarugas-marinhas. O objetivo é proteger estas espécies ameaçadas de extinção, num cenário cujos resultados não são nada animadores.
“Numa das praias da ilha de Santa Luzia (lado norte), detectamos 917 itens de plástico grandes, médios e pequenos (maiores de um milímetro) por metro quadrado”, detalhou a bióloga.
Apesar desta praia não ter habitantes, os números não deixam de surpreender os cientistas. Diana Sousa Guedes apontou para o papel das correntes oceânicas: “estando na rota do Giro do Atlântico Norte, as praias do Norte e Leste destas ilhas acumulam muito do lixo que vem dos oceanos”.
Com estes dados, a jovem pesquisadora pretende obter um mapa de Cabo Verde com as zonas mais vulneráveis para a nidificação da tartaruga-comum (Caretta caretta), considerando a poluição por plásticos e as previsões de subida do nível do mar no arquipélago.
“Estes mapas poderiam levar a medidas práticas, por exemplo, pressionar para a restrição na produção e utilização de materiais de pesca feitos de plástico e o incentivo a materiais mais sustentáveis; a limpeza mais regular destas praias mais vulneráveis; ou a educação e sensibilização ambiental das comunidades locais de pescadores”, contou.
Oitenta por cento do lixo encontrado corresponde, precisamente, a redes de pesca e materiais ligados a esta atividade. O plástico que para as praias dificulta a sobrevivência das tartarugas-marinhas que, quando eclodem do ninho, encontram-se numa corrida de obstáculos para chegar ao mar.
Plástico afeta a sobrevivência das tartarugas bebês
Na base deste mapa, está o trabalho de campo realizado em 2021, sob orientação do Dr. Neftalí Sillero, do CICGE – Centro de Investigação em Ciências Geo-Espaciais na FCUP.
Diana Sousa Guedes, que está agora no terceiro ano do doutorado, fez uma amostragem significativa de macroplásticos, através de drone, e microplásticos, com a recolha de amostras de areia. O trabalho concentrou-se em sete das nove ilhas que compõem o arquipélago: Boavista, Maio, Sal, Santa Luzia, Santiago, Santo Antão e São Vicente.
Diana comparou os padrões de emergência de juvenis de tartaruga-comum dos ninhos com e sem plástico. “Neste estudo verificamos que o plástico na superfície dos ninhos afeta a emergência sincronizada dos juvenis; por exemplo, cria um efeito de barreira impedindo-os que saiam todos ao mesmo tempo do ninho”, explicou.
“Isto pode ser problemático porque a emergência sincronizada do ninho dá-lhes uma vantagem de sobrevivência nas praias: ao saírem todas juntas, o risco de predação (por caranguejos, por exemplo) é menor”, acrescentou a estudante.
Documentário ‘Marés de Plástico’
No ano passado, Diana regressou à Boavista, em Cabo Verde e produziu, com a coorientadora Dra. Filipa Bessa, pesquisadora do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (Mare) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, um mini-documentário intitulado ‘Marés de Plástico’.
A produção do filme envolveu instituições cabo-verdianas, como a BIOS.CV, e espanholas. O objetivo foi compilar os dados recolhidos durante a pesquisa e mostrar o trabalho realizado em Cabo Verde.
Assista ao documentário:
Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.
Fonte: Renata Silva, FCUP. Imagem: Diana Sousa Guedes está estudando os impactos da poluição de plásticos especialmente nos momentos de eclosão do ninho das tartarugas juvenis. Fonte: Diana Sousa Guedes, Universidade do Porto. Vídeo: Diana Sousa Guedes.
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