Notícia

Em Recife, mulheres e jovens desenvolvem, com o ONU-Habitat, espaços urbanos seguros e sustentáveis

Cerca de 60 jovens e 40 mulheres que vivem e frequentam comunidades em situação de vulnerabilidade social no Recife (PE) trabalharam junto ao Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) na elaboração de orientações para desenvolver espaços urbanos mais seguros e sustentáveis

Renatto Mendonça, ONU-Habitat Brasil

Fonte

Nações Unidas Brasil

Data

quinta-feira, 3 março 2022 10:40

Áreas

Cidades. Desigualdade Socioambiental. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Políticas Públicas. Sociedade. Sustentabilidade.

Cerca de 60 jovens e 40 mulheres que vivem e frequentam comunidades em situação de vulnerabilidade social no Recife (PE) trabalharam junto ao Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022 na elaboração de orientações para desenvolver espaços urbanos mais seguros e sustentáveis.

Neste período, as metodologias participativas ‘Desenho de Espaços Públicos‘ e ‘Cidade Mulher‘ – adaptação local da metodologia global ‘Auditoria de Segurança das Mulheres‘ – foram aplicadas nos territórios de Pina, Várzea e Ibura. Combinadas, as ações permitem um acesso amplo ao que jovens e mulheres pensam e sentem sobre espaços públicos, e como eles podem ser melhorados.

Pouco antes do início das atividades nos territórios, foi publicada pelo IBGE a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, que revelou que mulheres, jovens e pessoas negras são as principais vítimas de violência no estado.

Deslocar sujeitos da centralidade do problema para a centralidade da solução é um princípio do mandato do ONU-Habitat. Por essa razão, toda a incidência local foi desenhada para trabalhar com mulheres e jovens em comunidades em situação de vulnerabilidade onde pessoas negras são maioria.

Para que um futuro urbano melhor e mais sustentável seja viável, é cada vez mais relevante que todos os aspectos de desenvolvimento das cidades sejam concebidos junto às pessoas que têm menos acesso a eles. Para isso, é necessário conhecer melhor suas experiências, ideias de melhorias e prioridades.

O resultado do trabalho consistirá na elaboração de anteprojetos participativos de melhorias para os espaços públicos e comunitários, para que a vida pública seja mais segura para jovens e mulheres. As propostas se somarão ao conjunto de recomendações às autoridades locais sobre como as políticas de prevenção à violência devem se aproximar, cada vez mais, das noções de desenvolvimento urbano e humano e das considerações e elaborações dos sujeitos e sujeitas em situação de maior vulnerabilidade.

“Um diferencial do trabalho do ONU-Habitat em Pernambuco é poder ir ao território e captar em primeira mão os problemas, desafios, desejos e necessidades para esses locais por meio de metodologias participativas. Além disso, é importante que as pessoas vejam suas contribuições materializadas em documentos oficiais”, ressaltou Daphne Besen, coordenadora de Programas e da operação do ONU-Habitat em Pernambuco.

Desenho de espaços públicos

Com a metodologia de Desenho de Espaços Públicos, jovens entre 14 e 29 anos são incentivados, por dois dias seguidos, a observar suas comunidades e desenvolver a dupla capacidade de imaginar e projetar soluções para melhorar um espaço público. Para imaginar esse potencial espaço público, é apresentado um repertório de soluções criadas em todo o mundo. A partir disso, os jovens adaptam, rejeitam ou adotam essas ideias em seus projetos de espaço público conforme acharem relevante.

Também para auxiliar o processo de imaginação, a metodologia oferece um momento de pesquisa de campo, em que os jovens têm a oportunidade de apresentar os locais por onde circulam e de entrevistar pessoas nos territórios, saber como se sentem no local, suas críticas e sugestões. Assim, podem confrontar e comparar suas ideias com as de seus vizinhos e de comerciantes locais, por exemplo. Quanto maior o repertório e acesso a ideias diferentes, melhor para formarem uma opinião mais fundamentada.

Para projetar soluções, o ONU-Habitat compartilha técnicas descomplicadas de urbanismo e cartografia, que são colocadas em prática com a elaboração de maquetes físicas dos espaços desejados. Posteriormente, são organizados momentos de apresentação dos projetos, mostrando que os jovens são capazes de projetar e defender a mudança que desejam.

O trabalho com jovens torna ainda mais evidente que cada comunidade tem seus desejos e vocações próprias. Uma política pública que pense desenvolvimento urbano precisa levar isso em consideração, uma vez que as dinâmicas entre pessoas e espaços públicos podem e devem influenciar diretamente nos desenhos da cidade.

Em Pernambuco, a metodologia é coordenada pela consultora, arquiteta e urbanista, Rafaella Cavalcanti, sob supervisão da Analista de Programas do ONU-Habitat, Julia Rabêlo.

Cidade Mulher

“Mulheres, seus relatos podem contribuir para uma cidade mais segura”. Esse é o chamado ao qual as mulheres que participam da metodologia Cidade Mulher atendem.

A Cidade Mulher é uma adaptação local da metodologia global do ONU-Habitat intitulada “Auditoria de Segurança das Mulheres”. Em um ambiente seguro, moradoras e frequentadoras das comunidades se juntam para conversar e refletir sobre como a violência afeta suas vidas.

Com dificuldade de acessar espaços públicos seguros e se sentirem seguras para circular livremente pelas cidades, muitas vezes, o simples ato de sentar-se com outras mulheres e conversar não é tão trivial para muitas, como pode parecer. Um primeiro impacto da sensação de insegurança urbana sob a vida das mulheres é, portanto, um maior isolamento à vida doméstica. Esse isolamento, muitas vezes, faz com que elas percebam com maior facilidade o medo da violência em sua dimensão individual.

A troca sincera de relatos e experiências sobre os impactos e medo da violência em suas rotinas nos territórios onde vivem ou frequentam permite que elas se reconheçam umas nas outras, identificando padrões, compartilhando estratégias de resiliência que já utilizam, se acolhendo e percebendo que não estão sós.

Em Pernambuco, a metodologia é coordenada pela consultora, arquiteta e urbanista, Manoela Jordão, sob supervisão da Analista de Programas do ONU-Habitat, Bruna Gimba. Um resumo sobre experiências realizadas no Recife está disponível no Instagram do ONU-Habitat Brasil.

Acesse a notícia completa na página das Nações Unidas Brasil.

Fonte: Bia Paes, Nações Unidas Brasil. Imagem: Renatto Mendonça, ONU-Habitat Brasil.

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