Notícia
Efluentes menos tóxicos: pesquisadores criam alternativa para remoção de corantes na indústria têxtil
Resíduos da produção da indústria têxtil são caracterizados com alta carga poluidora de diversidade e complexidade química, sobretudo em virtude da presença de corantes, devido às etapas de tingimento e estamparia
Kayvan Mazhar via Unsplash
Fonte
UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Data
quarta-feira, 16 março 2022 10:55
Áreas
Gestão Ambiental. Gestão de Resíduos. Indústria. Química. Tecnologias.
A indústria têxtil tem uma relevante representação econômica no país, superior a 5% do valor total da produção da indústria brasileira de transformação. No mundo, o Brasil está entre os dez maiores produtores mundiais de têxteis, com produção de quase US$ 13 bilhões (cerca de R$ 66 bilhões) em 2020.
Se, por um lado, produtos têxteis movimentam a economia, por outro, trazem a preocupação quanto ao impacto ambiental. Isso porque os resíduos da produção são caracterizados com alta carga poluidora de diversidade e complexidade química, sobretudo em virtude da presença de corantes, devido às etapas de tingimento e estamparia. A situação impede que esses efluentes produzidos pela indústria têxtil possam ser descartados no meio ambiente sem um tratamento prévio. Pensando nisso, um grupo de cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveu uma forma de tratamento alternativa para esses efluentes, a partir de matéria-prima natural.
A invenção, inclusive, recebeu a carta patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no mês de fevereiro. A Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas, coordenadora do grupo, explicou que a remoção de corantes acontece a partir de efluente têxtil através da floculação iônica, processo que tem os tensoativos como agente de separação. “Esses tensoativos são obtidos de matéria-prima natural como gordura animal ou vegetal, e são de fácil produção”, destacou a pesquisadora.
A Dra. Tereza Dantas esclareceu também que o processo tem como principais vantagens o curto tempo de desenvolvimento, cerca de cinco minutos de contato, para efetuar a remoção do corante do efluente; o uso de baixas concentrações de tensoativo em comparação a outros processos que o aplicam como agente de separação e também a eficiência de remoção do corante, de 97%. “Muitos pesquisadores têm trabalhado para desenvolver processos que proporcionem bons resultados na remoção de corantes aliados a um baixo custo. Nesse contexto entra a contribuição desta patente, pois a floculação iônica alia uma ótima eficiência de remoção de corante com a utilização de matéria-prima de baixo custo, que são os tensoativos originados a partir de gordura animal ou vegetal. Assim, o presente invento objetiva solucionar os inconvenientes dos tratamentos apresentados através do desenvolvimento de um processo de tratamento para o efluente têxtil que consome pouca energia, aplicando materiais biodegradáveis, requerendo um curto tempo de operação e utilizando materiais de baixo custo”, destacou a ex-professora do Instituto de Química da UFRN que, apesar de aposentada, ainda contribui com o desenvolvimento de pesquisas científicas.
O método de tratamento criado é resultado de um trabalho vinculado ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química (PPGEQ) da UFRN, ao Laboratório de Tecnologia de Tensoativos (LTT), e ao grupo de pesquisa ‘Tecnologia de Tensoativos e Processos de Separação’, que conta com a participação dos pesquisadores Dr. Afonso Avelino Dantas Neto, Dr. Eduardo Lins de Barros Neto, Dra. Shirlle Katia da Silva Nunes e Dr. Ricardo Paulo Fonseca Melo.
O grupo explicou que, até o momento, os processos que utilizam tensoativos – e que foram avaliados no tratamento de efluentes têxteis contendo corantes – trabalham em um sistema composto por duas fases líquidas. Como exemplos, há a extração por ponto de nuvem e a extração por microemulsão. Na floculação iônica ocorre a formação de flocos com caráter hidrofóbico, ou seja, com afinidade à matéria orgânica do resíduo. Essa afinidade faz com que os flocos se ‘liguem’ facilmente e consigam remover o corante através da adesão da sua molécula à superfície deste floco. Segundo os pesquisadores, este novo cenário ainda tem muito a ser explorado.
“No nosso grupo, os estudos a respeito da floculação iônica continuam, visando avaliar mais parâmetros que possam influenciar na remoção de corantes. Além disso, outros trabalhos que estão em desenvolvimento visam aplicar a floculação iônica no tratamento de diferentes tipos de compostos, como os produzidos na indústria do petróleo, e também avaliar a floculação iônica conjugada com outro processo de tratamento, como é o caso da extração líquido-líquido”, destacou a Dra. Teresa Dantas.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Fonte: Wilson Galvão, AGIR/UFRN. Imagem: Kayvan Mazhar via Unsplash.
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