Notícia

Efluente tratado por fossa biodigestora serve de adubo orgânico para agricultores familiares do Tocantins

A solução tecnológica visa a preservação do meio ambiente com a destinação adequada e a reciclagem do uso dos macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio aos plantios

Gilson Araújo de Freitas

Fonte

FAPT | Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins

Data

sexta-feira, 9 julho 2021 07:05

Áreas

Agricultura. Biotecnologia. Saneamento.

Um novo estudo comprova que o efluente de esgoto tratado gerado em fossa séptica biodigestora é um biofertilizante que pode substituir a aplicação do nitrogênio sintético na adubação de pequenas lavouras de produtores rurais. O adubo orgânico, como é popularmente conhecido, está sendo utilizado em um projeto modelo executado na região sul do Tocantins pela Universidade de Gurupi (UNIRG) e conta com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), uma parceria dos Governos Federal e estadual por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (FAPT).

O estudo, coordenado por Miréia Aparecida, mestra e doutoranda em Produção Vegetal e professora da UNIRG, implantou mecanismos sustentáveis e viáveis no Assentamento Vale Verde no município de Gurupi. No decorrer da pesquisa houve a colaboração de diversos pesquisadores, acadêmicos de iniciação científica das áreas de Agronomia, Farmácia e Enfermagem e também do mestrado e doutorado em Biodiversidade, Produção Vegetal, Solos, Ciência dos Alimentos, Ciências Biológicas, Biotecnologia e Microbiologia.

Em virtude da falta de acesso ao saneamento no meio rural, uma alternativa utilizada é a fossa séptica biodigestora que evita o lançamento dos dejetos no meio ambiente ou em lugares onde as residências não possuem um sistema de saneamento básico. Com a construção da fossa é possível impedir que os dejetos sejam jogados em locais como rios, córregos e solo. Esse tipo de tratamento permite a redução de casos de doenças oriundas de bactérias de águas contaminadas.

“Além de alternativa ao fertilizante sintético, o uso do adubo orgânico gerado pelo sistema de saneamento básico rural visa a preservação do meio ambiente com a destinação adequada e a reciclagem do uso dos macronutrientes: nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), além de melhorar a qualidade do solo e a sustentabilidade dos sistemas agrícolas. A tecnologia traz soluções importantes para o pequeno produtor: gera adubo orgânico para a lavoura e proporciona saneamento rural adequado às propriedades rurais que não possuem”, explicou o Dr. Márcio Silveira, engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia/Melhoramento de Plantas e atual presidente da FAPT.

Convênio Estruturante

O estudo científico da fossa séptica é fruto do apoio financeiro dos governos federal e estadual (através da FAPT) que proporcionou toda a estrutura necessária em equipamentos que auxiliaram os pesquisadores durante todo o processo, tanto dos laboratórios da UNIRG como da Universidade Federal do Tocantins (UFT), campus Gurupi. Por meio do Convênio Estruturante, foi possível disponibilizar veículos, computadores, materiais para produção de mudas e construção de fossa séptica, serviço de inventário de plantas medicinais, entre outros equipamentos que estão na UNIRG. Já a UFT ficou responsável pela casa de vegetação climática de plástico, lupas estereoscópicas, estufa com renovação e circulação de ar e outros materiais. O projeto tem dez anos de existência e é tido como modelo.

“O projeto tem se consolidado através da melhoria da infraestrutura proporcionada pelo convênio, da formação de recursos humanos e transferência de tecnologia para os agricultores, o que representa a promoção da preservação da biodiversidade. Sem o apoio do convênio não seria possível a implantação da inovação nessa comunidade modelo, e que pode também ser utilizada em outras áreas rurais em potencial e assim fortalecer a agricultura familiar com geração de produto de qualidade e fonte de renda para as famílias”, ressaltou a pesquisadora.

Fossa séptica biodigestora

A fossa séptica biodigestora é uma solução tecnológica de fácil instalação e custo acessível: trata-se do esgoto do vaso sanitário (urina e fezes humanas) que, através da produção de efluente, pode ser usado no solo como fertilizante (adubo orgânico) para plantas. A inovação não gera odores desagradáveis, não procria ratos, moscas, baratas e evita a contaminação do lençol freático. O sistema básico, dimensionado para uma residência com até cinco moradores, é composto por três caixas de mil litros, tubos, conexões, válvulas e registros.

A tubulação do vaso sanitário é desviada para essa fossa, onde o esgoto doméstico, com o auxílio de um pouco de esterco bovino fresco, é tratado e transformado em adubo orgânico pelo processo de biodigestão anaeróbia. O adubo deve ser aplicado diretamente no solo e não deve ser usado em alimentos que são consumidos crus, como hortaliças, por exemplo.

Acesse a notícia completa na página da FAPT.

Fonte: Geórgya Laranjeira Correa e Stefani Cavalcante, FAPT. Imagem: Pesquisadora Miréia Aparecida. Fonte da Imagem: Gilson Araújo de Freitas.

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