Notícia
Drones podem auxiliar na estimativa populacional e no monitoramento de animais ameaçados de extinção
Além de avaliar a distribuição do cervo-do-pantanal com o uso das aeronaves não tripuladas, tese de doutorado da UFRGS discute como os drones podem ser usados em pesquisas na área da ecologia
Divulgação, JU Ciência/UFRGS
Fonte
UFRGS | Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Data
sexta-feira, 5 maio 2023 06:10
Áreas
Biodiversidade. Biologia. Ciência Ambiental. Ecologia. Tecnologias. Zoologia.
Estimar a abundância das populações de animais é um dos aspectos essenciais para a avaliação de riscos de extinção e detecção de declínios populacionais de espécies ameaçadas. Em tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o pesquisador Ismael Verrastro Brack estudou o uso de drones para estimar populações e monitorar animais, focando espécies ameaçadas de extinção. Além disso, a pesquisa avaliou os fatores que afetam a distribuição espacial do cervo-do-pantanal, o maior cervídeo da América do Sul.
A utilização dos drones na ecologia é uma nova possibilidade de amostragem e análise de dados de populações, surgindo como uma alternativa acessível e segura em comparação com investigações feitas com aviões tripulados, por exemplo. Realizada sob a orientação do professor Dr. Luiz Flamarion Barbosa de Oliveira, a tese de Ismael vem sendo publicada em artigos que demonstram como planejar uma amostragem com drones para estimar a abundância de animais silvestres e as aplicações dessas técnicas para avaliar fatores que afetam a distribuição espacial de cervos-do-pantanal.
Observação com drones
O uso de drones vem se tornando uma boa opção para o futuro dos estudos de monitoramento da vida silvestre, por permitirem amostragens com alta resolução espacial e alta frequência de voos. Além disso, a ferramenta possibilita que haja registros permanentes, com os quais os pesquisadores podem revisar as imagens coletadas. “Os drones surgiram no início como uma ferramenta que poderia substituir os aviões para contagem, já que há muitas décadas eles eram usados para contagem de várias espécies animais, principalmente grandes mamíferos”, explicou o pesquisador.
No início do mestrado, em 2014, Ismael tinha a perspectiva de trabalhar com drones para amostragem e contagem de animais, porém a ferramenta ainda era nova no mercado e, por isso, tinha muitas limitações. Posteriormente, quando Ismael cursava o doutorado, o departamento adquiriu um drone mais novo, e assim o equipamento foi sendo mais utilizado, até que surgiu a possibilidade de o cientista trabalhar com a amostragem de cervídeos ameaçados de extinção em áreas abertas da América do Sul.
Espécie em extinção
Em 2017, o cervo-do-pantanal foi a espécie escolhida para estimar a abundância das populações dos bichos que habitavam o norte do Pantanal. O animal é o maior cervídeo da América do Sul, chegando a pesar até 150 kg, e é uma espécie que costuma viver em áreas úmidas, habitando regiões de banhados, pântanos e planícies de inundação. O cervo-do-pantanal também pode ser encontrado em menores densidades em ambientes de campos e savanas, onde se alimenta de brotos, folhas novas e flores.
Atualmente a espécie está classificada como ameaçada de extinção, devido às modificações do seu habitat – principalmente as alterações relacionadas a agricultura, barragens hidrelétricas, caça ilegal e doenças. Mesmo as maiores populações do cervo, localizadas no Pantanal, vêm sofrendo ameaças também devido ao aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como secas severas e grandes incêndios, como consequência das mudanças climáticas globais.
Com o uso dos drones, o pesquisador analisou as imagens coletadas e demonstrou que a abundância local do cervo-do-pantanal apresentou forte relação com o que se espera serem as áreas de alta qualidade para a espécie: altos níveis de verdura da vegetação, ou seja, oferta de forragem para a espécie, e com os corpos d’água permanentes, mas não com a ocorrência do seu principal predador, a onça-pintada. Também foram identificadas áreas-chave para a população nos ambientes úmidos remanescentes e, na região mais seca, próxima a corpos d’água artificiais.
Acesse a notícia completa na página do JU Ciência/UFRGS.
Fonte: Geovana Benites, JU Ciência/UFRGS. Imagem: cervo-do-pantanal. Fonte: Divulgação, JU Ciência/UFRGS.
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