Notícia

Dos Andes à Amazônia, a história dos povos da América do Sul é revelada pelo DNA

Pesquisadores da Universidade de Bolonha conseguiram reconstruir os principais processos demográficos que levaram à população de regiões da América do Sul

Ben Ostrower, Unsplash

Fonte

Universidade de Bolonha

Data

sábado, 20 abril 2019 10:30

Áreas

Geociências. Sociedade.

A chegada do homem na América do Sul e as dinâmicas que levaram às populações antigas são muito mais complexas do que se imaginava até hoje, devido a múltiplas migrações de norte a sul, mas também a movimentos na direção oposta, às regiões da América Central. Isso foi revelado por um estudo conduzido por pesquisadores do Laboratório de Antropologia Molecular da Universidade de Bolonha, na Itália, que analisou o genoma de mais de duzentos indivíduos representando nativos americanos do México, dos Andes, da Floresta Amazônica e da Argentina.

Os resultados – publicados na revista científica Molecular Biology and Evolution – permitiram identificar componentes ancestrais específicos que caracterizam o DNA de três diferentes macro-grupos de populações sul-americanas. O estudo revelou também que a variabilidade genética das atuais populações da América do Sul tem sido significativamente influenciada também pelas diferentes histórias demográficas de grupos que vivem a leste e oeste da cordilheira dos Andes.

Mudanças demográficas

Saber precisamente como a população sul-americana foi constituída tem sido difícil, principalmente por duas razões. Por um lado, por causa da dificuldade de extrair DNA suficientemente intacto das antigas descobertas encontradas nos sítios arqueológicos desta área geográfica e, em segundo lugar, devido às complexas mudanças demográficas que ocorreram após a colonização europeia (a partir do século XV) e após o tráfico de escravos africanos (entre os séculos XVI e XIX), que modificaram o genoma das populações ameríndias modernas.

Em muitos casos, o DNA dessas populações parece ser hoje o resultado de uma mistura recente de componentes genéticos, incluindo os não-nativos americanos”, explica o professor Dr. Marco Sazzini, professor do Departamento de Ciências Biológicas, Geológicas e Ambientais da Universidade de Bolonha e um dos autores do estudo. “Isso complica muito a possibilidade de inferir a história antes da colonização européia, que é factível apenas com base nas partes do DNA que não foram modificadas por essa mistura”.

Para resolver esse problema, os pesquisadores analisaram o genoma de mais de duzentos indivíduos representando nativos americanos do México, dos Andes, da Floresta Amazônica e da Argentina, amostrados em várias expedições baseadas em rigorosos critérios biodemográficos e antropológicos. “Desta forma, conseguimos focalizar a atenção em assuntos caracterizados por um nível muito baixo de mixagem ‘pós-colombiana’, tornando possível, pela primeira vez através do uso de dados genômicos, reconstruir os eventos mais antigos responsáveis pelo povoamento sul-americano e pelas relações ancestrais existentes entre as populações nativas que habitam a região”, conclui o Dr. Marco Sazzini.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Bolonha (em italiano).

Fonte: UNIBO Magazine, Universidade de Bolonha. Imagem:  Ben Ostrower, Unsplash.

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