Notícia

Diversidade de conhecimento, proteção aos povos e territórios e autonomia foram demandas apresentadas nos Diálogos Amazônicos

Estudantes quilombolas aproveitaram o espaço para solicitar um olhar especial também à assistência estudantil para que estudantes de povos tradicionais possam dar continuidade aos estudos e pesquisas nas universidades

Heloísa Torres, Ascom UFPA

Fonte

UFPA | Universidade Federal do Pará

Data

quinta-feira, 10 agosto 2023 17:45

Áreas

Ciência Ambiental. Conhecimento Tradicional. Desigualdade Socioambiental. Educação. Geociências. Gestão Ambiental. Inclusão Social. Políticas Públicas. Sociedade.

Entre as diversas plenárias que ocuparam o Hangar – Centro de Convenções da Amazônia durante a realização dos Diálogos Amazônicos, uma das necessidades mais destacadas foi a união de saberes dos diferentes povos que compõem a Amazônia. Para tanto, o investimento em Ciência e Tecnologia para a proteção e o desenvolvimento da Amazônia hoje deve ter como foco principal aqueles que conhecem e pesquisam o bioma amazônico e seus distintos territórios espalhados pelos oito países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

Atualmente, um dos maiores desafios neste sentido está na necessidade de maior articulação entre a produção de conhecimento científico e os saberes tradicionais nativos da região, de forma que o potencial científico de quem vive na Amazônia seja ainda mais valorizado. “Os saberes tradicionais são inspiração para as decisões que precisamos tomar e a eles se somam a Ciência que precisamos produzir. Sem Ciência e Tecnologia, não haverá um futuro para a Amazônia, um futuro que seja com inclusão social e cidadania, um futuro que seja de conservação das suas florestas e rios”, ressaltou o Dr. Emmanuel Tourinho, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), que abriu a plenária central ‘Como pensar a Amazônia para o futuro a partir da ciência, tecnologia, inovação e pesquisa acadêmica, e transição energética’.

A programação contou a presença da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil (MCTI), Luciana Santos, que aproveitou a ocasião para ressaltar a importância das instituições locais para a solução desse desafio. “As universidades são uma base robusta que temos no bioma amazônico. Vamos dialogar com todas elas, de modo a integrar esse desenvolvimento da pesquisa. O grande desafio permanente é que os saberes das pesquisas que têm sido feitas aqui possam dialogar, para que a gente tenha um resultado melhor dessas pesquisas”.

A ministra defendeu, ainda, a importância do desenvolvimento de uma tecnologia comum e a prática da ciência aberta para que todos os países da Cooperação Amazônica possam partilhar dos dados e programas produzidos, possibilitando a organização de uma grande rede para cobertura, monitoramento e proteção do bioma amazônico.

“A Ciência e a Tecnologia perpassam, praticamente, esses desafios de sustentabilidade da Amazônia, não só do monitoramento, mas também do próprio desenvolvimento através da biodiversidade, dessa riqueza que é tão diversa na Amazônia. Para você transformar os fármacos e os minerais em algum produto ou serviço, por exemplo, precisa de Ciência e Tecnologia, precisa do desenvolvimento, precisa de pesquisa para compreender essa biodiversidade”, lembrou Luciana Santos.

Reconhecimento de conhecimentos

Ao longo das plenárias, estudantes quilombolas que participavam do Encontro Nacional de Estudantes Kilombolas (ENEKI), realizado na UFPA, aproveitaram o espaço para solicitar um olhar especial também à assistência estudantil para que estudantes de povos tradicionais possam dar continuidade aos estudos e pesquisas nas universidades, que se concentram longe de seus respectivos territórios, e, assim, tenham mais ferramentas para trabalhar em suas comunidades ao retornarem com esse desenvolvimento para elas.

“Precisamos reconstruir a universidade para que tenha Ciência e Tecnologia, mas, sobretudo, também tenha humanos. É necessário que a gente tenha acesso, que as nossas ciências sejam levadas em consideração e que tenham relevância. A nossa responsabilidade, como amazônidas, é levantar esse debate pra quem é estudante, pra quem quer entrar na universidade, pra quem quer estar com seu diploma na mão, mas, sobretudo, para quem tem o desejo de voltar para os seus territórios a partir do desenvolvimento que a universidade nos permite ter”, finalizou o estudante indígena Tel Guajajara,  graduando do curso de Direito da UFPA.

Ao final de todos os espaços de escuta, foram produzidos relatórios para serem entregues às autoridades que participam da Cúpula da Amazônia para que, assim, seja possível que os novos projetos para a Amazônia possam atender às reais necessidades dos que nela habitam e dos que a protegem.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Pará.

Fonte: Maissa Trajano, Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA. Imagem: Heloísa Torres, Ascom UFPA.

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