Notícia
Descoberta poderá levar à produção, por vias naturais, de antibióticos mais eficazes e com menos toxicidade
Modificação da síntese biológica é caminho para antibióticos mais eficazes
Marcos Santos
No Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, pesquisa identificou uma enzima capaz de alterar as propriedades dos aminoglicosídeos, moléculas produzidas por bactérias e usadas na medicina como antibióticos. A enzima atua no processo de formação das moléculas de antibióticos como a gentamicina, a canamicina e a tobramicina, fazendo-os superar a resistência de micro-organismos causadores de infecções. A descoberta poderá levar à produção, por vias naturais, de antibióticos mais eficazes e com menos toxicidade.
O antibiótico estudado na pesquisa é a gentamicina, produzida pela bactéria Micromonospora purpurea. “Essa bactéria faz parte de um grupo chamado actinomicetos, que possuem enzimas capazes de transformar a glicose em moléculas usadas como mecanismo de defesa contra outros micro-organismos”, relata o professor Dr. Marcio Vinícius Bertacine Dias, que coordena a pesquisa. A glicose transformada pelas enzimas dá origem ao antibiótico. “A gentamicina faz parte do grupo dos aminoglicosídeos, antibióticos derivados da glicose, e o primeiro desse tipo a ser descoberto e usado como medicamento foi a estreptomicina, que foi amplamente utilizada no tratamento da tuberculose”.
O Dr. Bertacine Dias afirma que os estudos de biologia estrutural ajudam a entender a biossíntese de antibióticos. “Apesar de serem usados clinicamente, muitos apresentam problemas de toxicidade, e também há um grande número de casos de resistência a antibióticos, uma vez que são utilizados desde a década de 1950”, destaca. “Entender a biossíntese, ou seja, como as bactérias produzem antibióticos, permitirá propor mudanças que contornem a resistência e diminuam a toxicidade”.
De acordo com o professor do ICB, os estudos sobre biossíntese tem aumentado nos últimos anos para ampliar os conhecimentos sobre engenharia biossintética de produtos naturais, caso dos antibióticos produzidos por bactérias. “São moléculas obtidas pela fermentação das bactérias, difíceis de serem produzidas em laboratório. Por meio da manipulação das enzimas, pode-se modificar as moléculas e melhorar os antibióticos”, diz. “É uma estratégia promissora para ser usada em paralelo com as técnicas tradicionais de química orgânica, aplicadas hoje em dia para a modificação de antibióticos, mas que podem gerar resíduos tóxicos para o meio ambiente”.
Acesse a notícia completa no Jornal da USP.
Fonte: Júlio Bernardes, USP. Imagem: Marcos Santos, USP Imagens.
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