Notícia

Derretimento de gelo polar pode elevar nível do mar em 39 centímetros até 2100

Cientistas alertam que, devido às emissões de gases de efeito estufa, as camadas de gelo da Groenlândia e da Antártica podem, juntas, contribuir com mais de 39 cm de elevação do nível do mar global ainda neste século

Pixabay

Fonte

Universidade de Leeds

Data

sexta-feira, 18 setembro 2020 12:00

Áreas

Ciência Ambiental. Geociências. Mudanças Climáticas. Oceanografia.

O Ice Sheet Model Intercomparison Project (ISMIP6) é uma equipe internacional de cientistas que faz previsões de mudanças no manto de gelo em cenários climáticos futuros para apoiar o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

O ISMIP6 é liderado pelo Goddard Space Flight Center da NASA em Maryland, nos Estados Unidos, e reúne mais de 60 cientistas especialistas em gelo, oceanos e atmosfera, incluindo o professor Dr. Andrew Shepherd da Universidade de Leeds, no Reino Unido, e Diretor do Centro NERC para Observação Polar e Modelagem (CPOM).

Suas últimas descobertas, publicadas recentemente em uma edição especial da revista científica The Cryosphere, estimaram o impacto que o derretimento das camadas de gelo da Terra poderia ter no nível do mar global até o final do século.

Os resultados reforçam as projeções feitas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em seu Relatório Especial sobre Oceanos e Criosfera de 2019.

A equipe do ISMIP6 investigou dois cenários diferentes que o IPCC definiu para o clima futuro para prever o aumento do nível do mar entre 2015 e 2100: um com as emissões de carbono aumentando rapidamente e outro com emissões mais baixas. No cenário de altas emissões, as perdas de gelo da Groenlândia causam um aumento adicional de 9 cm no nível do mar global até 2100, enquanto a Antártica causa 30 cm adicionais no mesmo período. No cenário de emissões mais baixas, a perda de gelo da Groenlândia aumentaria o nível do mar global em cerca de 3 cm até 2100, enquanto o crescimento da Antártica baixaria o nível do mar em 7,8 cm.

A maior perda vem da Antártica Ocidental, responsável por até 18 cm de elevação do nível do mar até 2100 nas condições mais quentes.

Os novos resultados do ISMIP6 informarão o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, com lançamento previsto para 2022.

“Ter três décadas de medições por satélite melhorou muito nossa capacidade de simular como a Antártica e a Groenlândia respondem às mudanças climáticas. Infelizmente, agora está claro que as perdas do manto de gelo aumentaram rapidamente e que isso continuará se não reduzirmos nossas emissões de CO2. Um aumento de 39 centímetros a mais no nível do mar causará uma grande perturbação em nossas comunidades costeiras, então devemos ver essas previsões como um poderoso aviso prévio – mas agora é a hora de agir”, destacou o professor Shepherd.

“Uma das maiores incertezas quando se trata de quanto o nível do mar aumentará no futuro é com quanto os mantos de gelo contribuirão”, disse a líder do projeto e cientista de gelo Dra. Sophie Nowicki, agora na Universidade de Buffalo e ex-NASA Goddard. “E a contribuição dos mantos de gelo depende muito do que o clima fará.”

“A força do ISMIP6 foi reunir a maioria dos grupos de modelagem de mantos de gelo em todo o mundo e, em seguida, conectar-se com outras comunidades de modeladores oceânicos e atmosféricos, para entender melhor o que poderia acontecer com os mantos de gelo”, disse o Dr. Heiko Goelzer, cientista da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e atualmente no NORCE Norwegian Research Centre na Noruega. O Dr. Goelzer liderou o estudo do ISMIP6 sobre o manto de gelo da Groenlândia.

“A região do Mar de Amundsen, no oeste da Antártica, e a Wilkes Land, no leste da Antártica, são as duas regiões mais sensíveis ao aquecimento da temperatura do oceano e às mudanças nas correntes, e continuarão a perder grandes quantidades de gelo”, disse a Dra. Hélène Seroussi, especialista em gelo do Jet Propulsion Lab da NASA no sul da Califórnia.

A Dra. Seroussi liderou a modelagem do manto de gelo da Antártica no estudo do ISMIP6. “Com esses novos resultados, podemos focar nossos esforços na direção correta e saber o que precisa ser trabalhado para continuar melhorando as projeções”, concluiu a especialista.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Leeds (em inglês).

Fonte: Anna Harrison, Universidade de Leeds. Imagem: Pixabay.

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