Notícia

Dados globais de satélite mostram que nuvens poderão amplificar o aquecimento global

Nova abordagem na análise das medições de satélite da cobertura de nuvens da Terra revela que as nuvens têm grande probabilidade de aumentar o aquecimento global

Sanni Sahil via Unsplash

Fonte

Imperial College de Londres

Data

sábado, 24 julho 2021 07:00

Áreas

Geociências. Mudanças Climáticas.

Uma nova pesquisa feita por cientistas do Imperial College de Londres e da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, traz a evidência mais forte de que as nuvens vão amplificar o aquecimento global em longo prazo, agravando ainda mais as mudanças climáticas.

Os resultados, publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, também sugerem que em concentrações de dióxido de carbono atmosférico (CO2) acima do dobro dos níveis pré-industriais, o clima provavelmente não aquecerá abaixo de 2° C, e é mais provável que, em média, aqueça mais de 3° C.

Os níveis de CO2 pré-industrial estavam em torno de 280 ppm (partes por milhão), mas os níveis atuais estão se aproximando de 420 ppm e poderão se aproximar do dobro da quantidade pré-industrial em meados do século se não forem feitos cortes significativos nas emissões.

A quantidade de aquecimento do clima prevista pela duplicação dos níveis pré-industriais de CO2 é conhecida como “sensibilidade ao clima” – uma medida de quão fortemente nosso clima vai reagir a tal mudança. A maior incerteza nas previsões da sensibilidade ao clima é a influência das nuvens e como elas podem mudar no futuro. Isso ocorre porque as nuvens, dependendo de propriedades como densidade e altura na atmosfera, podem aumentar ou diminuir o aquecimento.

Novos cálculos

“O valor da sensibilidade ao clima é altamente incerto, e isso se traduz em incerteza nas projeções de aquecimento global futuras e no restante ‘orçamento de carbono ‘- quanto podemos emitir antes de atingirmos as metas comuns de 1,5° C ou 2° C de aquecimento global”, disse o Dr. Paulo Ceppi, coautor do estudo e professor do Grantham Institute – Climate Change and the Environment do Imperial College.

“Há, portanto, uma necessidade crítica de quantificar com mais precisão como as nuvens afetarão o aquecimento global futuro. Nossos resultados significarão que estamos mais confiantes nas projeções do clima e podemos ter uma imagem mais clara da gravidade das mudanças climáticas futuras. Isso deve nos ajudar a conhecer nossos limites – e agir para permanecer dentro deles”, continuou o pesquisador.

Nuvens baixas tendem a ter um efeito de resfriamento, pois impedem o sol de atingir o solo. Nuvens altas, no entanto, têm um efeito de aquecimento pois, embora deixem a energia solar atingir o solo, a energia emitida de volta da Terra é diferente. Essa energia pode ficar presa pelas nuvens, aumentando o efeito estufa. Portanto, o tipo e a quantidade de nuvens em um mundo em aquecimento produzirão impactos ainda maiores no potencial de aquecimento.

Inspirados por ideias da comunidade de inteligência artificial, os pesquisadores desenvolveram um novo método para quantificar as relações entre o estado da arte em observações globais de nuvens por satélite e as condições associadas de temperatura, umidade e vento. A partir dessas relações observadas, eles foram capazes de restringir melhor como as nuvens mudarão com o aquecimento da Terra.

“Nosso artigo dá um grande passo para reduzir o fator de incerteza mais importante nas projeções de sensibilidade ao clima. Como tal, nosso trabalho também destaca um novo caminho no qual os métodos de aprendizado de máquina podem nos ajudar a restringir os principais fatores de incerteza remanescentes na ciência do clima”, concluiu o Dr. Peer Nowack, coautor do estudo e professor da Universidade de East Anglia.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Imperial College de Londres (em inglês).

Fonte: Hayley Dunning, Imperial College de Londres. Imagem: Sanni Sahil via Unsplash.

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