Notícia

Congresso Brasileiro de Agroecologia fortalece democratização dos sistemas agroalimentares

Evento, que ocorre em novembro, contará com importantes estudos em agroecologia

Resilience.org

Fonte

Embrapa | Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Data

segunda-feira, 7 outubro 2019 12:55

Áreas

Agricultura. Agroecologia.

Desde 2003, o Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) tem ampla participação de instituições de ensino, pesquisa, extensão e sociedade. As edições anteriores trouxeram para o debate temas relevantes e direcionaram para a escolha dessa XI edição, que será de 4 a 7 de novembro, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), com o tema “Ecologia de Saberes: Ciência, Cultura e Arte na Democratização dos Sistemas Agroalimentares”.

Alguns trabalhos com participação de pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente serão apresentados, como as experiências práticas de manejo orgânico de fruteiras no Sítio Catavento, Indaiatuba, SP (de Igor Silva da Unicamp, Joel Queiroga da Embrapa Meio Ambiente, Lais da Silva da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Lucas Gonçalves da Unicamp e Ivan Alvarez da Embrapa Territorial), manejo de solo para implantação de adubos verdes em sistemas agroflorestais agroecológicos (de João Pedro Novaes da UFSCar, Heloisa Santos da Esalq, Joel Queiroga, Luiz Octávio Ramos Filho e Waldemore Moriconi da Embrapa Meio Ambiente e Maria Eugenia Gobbo da UFSCar) e o trabalho com redes alternativas alimentares: o caso da Comunidade que Apoia a Agricultura (CSA) de São Paulo (de Natália Cheung da UFSCar e Lucimar Abreu da Embrapa Meio Ambiente) e estratégias para a multiplicação de vias de comercialização por meio do consumo consciente (de Camila Iunes e Pamela Mira da UFSCar, Luiz Octávio Ramos Filho, Marcos Neves e Joel Queiroga da Embrapa Meio Ambiente).

Conforme o pesquisador Joel Queiroga, atividades como dias de campo em propriedades rurais nos quais os agricultores atuam como protagonistas são espaços importantes para compartilhar experiências por meio da metodologia campesino a campesino. Assim foi o dia de campo realizado no Sítio Catavento em que Fernando Ataliba abordou conceitos e princípios da agricultura orgânica, aprendizados e práticas desenvolvidas para o manejo e viabilidade da produção de uva e várias outras frutíferas existentes em seu sítio. A demonstração de técnicas usadas por ele para os fruticultores e técnicos de ATER do Circuito das Frutas do estado de São Paulo, teve como objetivo disseminar conhecimentos e aprendizados que sirvam como inspiração e orientem agricultores convencionais no processo de transição agroecológica. Na avaliação realizada no evento, mais da metade dos agricultores presentes manifestaram interesse em iniciar o processo de transição agroecológica em seus sistemas de produção.

No estudo sobre manejo de solo para implantação de adubos verdes em Sistemas Agroflorestais Agroecológicos (SAFAs), buscou-se monitorar e avaliar o desenvolvimento das plantas consorciadas submetidas a dois diferentes preparos de solo, um mais intensivo em que se utilizou a grade aradora e o outro com um preparo menos intensivo em que foi utilizada a enxada rotativa. Observou-se um melhor desenvolvimento das espécies de nabo forrageiro e girassol no preparo de solo mais intensivo e um melhor desenvolvimento e número de espécies de aveia preta no preparo menos intensivo.

Conforme os autores, o preparo do solo na implantação de adubos verdes associado à proporção de densidades de semeadura das espécies consorciadas acarretou em uma melhor germinação e estabelecimento de algumas espécies e a ponderação da densidade de sementes das espécies possibilitou uma cobertura capaz de exercer a função de proteção e produção de biomassa nas entrelinhas do sistema agroflorestal. No entanto, a incidência de formigas cortadeiras prejudicou o estabelecimento de um estande mais homogêneo e, consequentemente, a produção final de biomassa a ser incorporada ao sistema pela prática da adubação verde, o que foi verificado com a redução da densidade de plantas nos monitoramentos realizados ao longo do tempo. Estes resultados têm como objetivo subsidiar tomadas de decisão de agricultores no preparo de solo para melhor desenvolvimento de adubos verdes em SAFAs.

O trabalho com redes alternativas alimentares evidenciou que, nos últimos anos a demanda de consumidores urbanos pela qualidade de alimentos agroecológicos gerou novas relações de produção-distribuição-consumo, reconectando o campo e a cidade.  Com metodologia de pesquisa qualitativa, a experiência mostrou que as ações de apoio deste coletivo de consumidores visavam fortalecer o sistema agroalimentar local, obter acesso aos alimentos de qualidade ecológica e conhecer o modo de produzir alimentos no campo.

Apresenta uma descrição densa das experiências vivenciadas na CSA, buscando compreender de que forma a proximidade – tanto geográfica como relacional – entre produtores e consumidores favorece o sistema agroalimentar de base ecológica, identificando o tipo de relação que emerge das interações entre agricultores familiares e consumidores urbanos.

De acordo com as autoras, as redes alternativas alimentares apresentam potencial para fortalecer os sistemas agroalimentares alternativos pela importância educativa no que se refere à conscientização dos consumidores sobre alimentos ecológicos, segurança alimentar e importância da solidariedade campo-cidade. Especificamente, as ações de apoio propostas pelo coletivo foram permeadas por valores de cooperação, solidariedade, afetividade, reciprocidade e confiança, e visavam a democratização do espaço de interação e discussão, bem como do conhecimento sobre o processo produtivo e do acesso aos alimentos ecológicos. Portanto, essa experiência mostrou que é possível construir uma comunidade de pessoas que se apoiam mutuamente e valorizam o trabalho dos agricultores.

O trabalho sobre estratégias para a multiplicação de vias de comercialização por meio do consumo consciente foi baseado no levantamento de estudos de caso que caracterizam alguns circuitos curtos de comercialização e buscou diagnosticar estratégias já adotadas em circuitos alternativos de comercialização, com princípios que contrapõem o mercado alimentar dominante, em busca da multiplicação de vias de consumo consciente. Conforme os autores, “a consolidação e avaliação das ações necessárias para a formação de novos grupos de consumo será útil no preenchimento das lacunas deixadas durante o processo de operacionalização, permitindo a reprodução de vias sólidas de circuitos alimentares conscientes”.

Acesse a notícia na página da Embrapa.

Fonte: Cristina Tordin, Embrapa Meio Ambiente. Imagem: Resilience.org.

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