Notícia
Cólera: ataque às rotas de disseminação pode ser a chave
Tratamento para prevenir a disseminação da cólera usa vírus para atacar a bactéria que causa a doença
Wikimedia Commons
Fonte
Universidade Tufts
Data
sábado, 16 março 2019 16:20
Áreas
Saneamento. Sociedade. Biotecnologia.
Segundo o Ministério da Saúde, “a cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação fecal-oral direta ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Frequentemente, a infecção é assintomática ou causa diarreia leve. Pode também se apresentar de forma grave, com diarreia aquosa e profusa, com ou sem vômitos, dor abdominal e cãibras. Quando não tratada prontamente, pode ocorrer desidratação intensa, levando a graves complicações e até mesmo ao óbito. A doença está ligada diretamente ao saneamento básico e à higiene”. A cólera atinge quase 3 milhões de pessoas a cada ano em todo o mundo, causando 95.000 mortes.
Pesquisadores da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, estão desenvolvendo um tratamento para prevenir a disseminação da cólera, usando vírus para atacar a bactéria que causa a doença. É diferente das opções de tratamento atuais, que incluem uma solução de reidratação administrada após o início dos sintomas e vacinas de múltiplas doses que exigem dez dias para fazer efeito.
Uma vez que as vítimas do cólera se tornam sintomáticas, aproximadamente um quarto das pessoas de sua casa é subseqüentemente exposto à bactéria, colocando essas pessoas em risco de desenvolver sintomas em dois ou três dias – muito antes de uma vacina protegê-los. É essa população de alto risco – que responde por 80% dos casos de cólera – que o Dr. Andrew Camilli, professor de biologia molecular e microbiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Tufts espera proteger.
Em sua pesquisa de uma década sobre cólera, o professor Camilli examinou amostras de fezes de pacientes em Dhaka, Bangladesh, região que sofre dois surtos de cólera por ano, na estação seca e na estação chuvosa de outono, quando fortes chuvas levam a inundações na região do Delta de Bengala.
Nessas amostras, ele descobriu três novos bacteriófagos específicos da cólera – vírus que atacam e matam bactérias específicas. Os vírus se prendem a bactérias e as injetam com o DNA viral. Isso engana as bactérias para que produzam mais bacteriófagos até explodir, matando as bactérias e liberando fagos mais protetores.
Em modelos animais, o Dr.Camilli descobriu que a administração oral dos três bacteriófagos específicos da cólera vinte e quatro horas antes da infecção impedia o aparecimento de sintomas sem causar efeitos colaterais indesejados. O pesquisador agora quer usar esse coquetel de bacteriófagos para evitar a disseminação da cólera dentro dos domicílios e instalações de saúde.
Para isso, foi fundada a PhagePro, uma empresa startup de biotecnologia, com foco no desenvolvimento de tratamentos baseados em bacteriófagos para doenças bacterianas que ofereceriam uma alternativa mais segura aos antibióticos convencionais, que têm efeitos nocivos nos microbiomas intestinais dos pacientes e promovem o desenvolvimento de resistência a antibióticos.
Acesse a notícia na página da Universidade Tufts (em inglês).
Fonte: Dominique Ameroso, Universidade Tufts. Imagem: Wikimedia Commons.
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