Notícia

Cientistas identificam locais com maior risco de inundação em cidades

Pesquisa combina modelos de previsão de expansão urbana, de mudança do uso do solo e modelos hidrodinâmicos

Secom Bahia via Wikimedia Commons

Fonte

Agência FAPESP

Data

quinta-feira, 20 abril 2023 06:15

Áreas

Cidades. Ciência de Dados. Clima. Engenharia Ambiental. Geociências. Geografia. Inteligência Artificial. Meteorologia. Monitoramento Ambiental. Políticas Públicas. Sensoriamento Remoto. Sociedade.

Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) propuseram combinar modelos de previsão de expansão urbana, de mudança do uso do solo e também modelos hidrodinâmicos para criar uma metodologia capaz de fornecer informações geográficas que identifiquem os locais com maior risco de inundações em cidades, inclusive as provocadas por chuvas extremas.

O trabalho pioneiro foi feito com base em dados de São Caetano do Sul, na Região Metropolitana de São Paulo. O estudo pode vir a ser usado por outros municípios na construção de políticas públicas e na tomada de decisões para enfrentar os impactos desses fenômenos, podendo evitar, além da destruição de edificações e de infraestrutura, a morte de moradores.

Os resultados preliminares da pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) por meio de dois projetos (20/09215-3 e 21/11435-4), foram publicados na revista científica Water. Os resultados são parte do trabalho do doutorando Elton Vicente Escobar Silva, do INPE, primeiro autor do artigo.

Em parceria com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e órgãos locais, os pesquisadores ‘testaram’ o modelo com os dados da Defesa Civil do município referentes à enchente registrada em 10 de março de 2019, quando três pessoas morreram afogadas e diversas ruas em São Caetano do Sul ficaram com quase 2 metros (m) de altura de água.

“Trabalho há anos com modelagem, tendo foco em mudanças de uso e cobertura da terra em áreas urbanas. Queria conjugar com simulação de enchentes. A oportunidade chegou com o projeto do Elton”, diz à Agência FAPESP a Dra. Cláudia Maria de Almeida, orientadora de Elton Silva e pesquisadora do INPE, onde coordena o Laboratório Cities, voltado a pesquisas teóricas e de aplicação em sensoriamento remoto urbano.

A professora completou: “Um diferencial do estudo é, além de aliar modelagem hidrodinâmica para área urbana à complexidade da rede de drenagem subterrânea pluvial, usar dados reais para parametrizar e validar o modelo. Conjugamos imagens de altíssima resolução espacial e deep learning [aprendizado profundo]. Tudo isso está ligado à big data e às smart cities [cidades inteligentes]”.

As discussões em torno do conceito de smart cities começaram em meados dos anos 2010 envolvendo questões tecnológicas, como semáforos integrados ou paradas de ônibus com wi-fi. Recentemente, passaram a incluir temas voltados à sustentabilidade e à qualidade de vida dos cidadãos.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial atingiu 8 bilhões de pessoas no ano passado, sendo que 56% vivem em áreas urbanas. Estima-se que até 2050 a população crescerá para 9,7 bilhões de pessoas, das quais 6,6 bilhões estarão em cidades (cerca de 68% do total).

Já a atual taxa de expansão dos municípios é duas vezes mais rápida do que o crescimento populacional. Com isso, a área global coberta por assentamentos urbanos deve subir para mais de 3 milhões de quilômetros quadrados (km2) nas próximas três décadas, o que seria equivalente ao território da Índia.

O planejamento das cidades, porém, não caminha na mesma velocidade. Com a urbanização desenfreada há, por exemplo, mudanças no uso e na cobertura do solo, aumento da área impermeável da superfície e alterações da hidrologia. Esse cenário, aliado à maior frequência de eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas, expõe os municípios a vulnerabilidades, como alagamentos, enchentes e deslizamentos em épocas de chuvas.

O município de São Caetano do Sul

Os pesquisadores destacaram a necessidade de os municípios contarem com bases de dados atualizadas para esse tipo de trabalho, como é o caso de São Caetano do Sul. “O modelo funciona e é alimentado por dados. É importante que as cidades consigam ter bancos de informação atualizados, incluindo registros referentes a casos extremos, como grandes enchentes e inundações”, avaliou a Dra. Cláudia Almeida.

Intensamente conurbado com a capital e com os vizinhos Santo André e São Bernardo do Campo, o município de São Caetano do Sul tem um histórico de inundações: foram 29 ocorrências entre 2000 e 2022, segundo os pesquisadores.

Por outro lado, é a cidade mais sustentável entre as 5.570 do Brasil, segundo o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC). E, com uma população estimada em cerca de 162 mil moradores, apresenta 100% de domicílios com esgotamento sanitário adequado, 95,4% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização e 37% em vias com urbanização adequada (presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Luciana Constantino, Agência FAPESP. Imagem: Enchente em Lauro de Freitas/BA em 2010. Fonte: Secom Bahia via Wikimedia Commons.

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