Notícia
Camada de ozônio pode se recuperar completamente até 2060
Redução do uso de clorofluorcarbonos (CFCs) contribui para a recuperação da camada
NASA Earth Observatory
Fonte
UFSM | Universidade Federal de Santa Maria
Data
terça-feira, 20 setembro 2022 06:30
Áreas
Ciência Ambiental. Geociências. Modelagem Climática. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Saúde. Sustentabilidade.
Em 16 de setembro de 1987, o Protocolo de Montreal foi adotado com o objetivo de combater a destruição da camada de ozônio. Assinado por diversos países, o acordo se propôs a controlar e banir os clorofluorcarbonos (CFCs) – substâncias químicas que estavam enfraquecendo o ozônio na atmosfera. O Protocolo entrou em vigor em 1989 e, em 2008, foi o primeiro e único acordo ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) a ser ratificado por todos os países do mundo.
Conforme destacou a Dra. Damaris Kirsch Pinheiro, professora e coordenadora do Programa de Monitoramento de Ozônio da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a camada de ozônio está localizada em uma região da atmosfera – a estratosfera – que fica a aproximadamente 20 quilômetros da superfície da Terra. Descoberta no século 20, é uma região na qual existe uma maior quantidade de moléculas de ozônio (O3) – e essa camada é extremamente importante para a vida no planeta. Ela é responsável por filtrar cerca de 95% dos raios ultravioleta (UV) oriundos do sol, impedindo que a maior parte desses raios atinja a superfície terrestre.
“A camada de ozônio é um filtro natural da radiação ultravioleta. Ela bloqueia totalmente a ultravioleta C (UVC), que é a mais perigosa. Da ultravioleta B (UVB) passa uma partezinha, e é essa que causa vários problemas, como câncer de pele, catarata e, inclusive, interfere no crescimento das plantas. Também passa um pouco da radiação que chamamos de ultravioleta A. Essa, por outro lado, é benéfica, por isso a gente deve tomar sol”, explicou a professora Damaris Kirsch.
Cloro, Flúor e Carbono: os maiores vilões da camada de ozônio
A camada de ozônio tem um buraco que se localiza na Antártica e sua abertura varia de ano para ano, por ser fortemente influenciado por eventos climáticos na atmosfera. Normalmente, o buraco abre em meados de agosto e fecha entre outubro e novembro.
No ano passado, a área máxima do buraco foi de cerca de 24 milhões de km². Segundo a professora Damaris, ele varia bastante por conta das temperaturas da Antártida e porque a região tem muitas nuvens. “A tendência é ele diminuir. Se está mais frio lá e tem mais nuvens, tem mais destruição de ozônio. Se está uma temperatura mais quente, vai gerar menos destruição de ozônio, porque tem menos nuvens”, argumentou a professora.
Além das mudanças climáticas, a abertura recorrente também é resultante da excessiva emissão de produtos químicos destruidores da camada usados durante grande parte do século 20, os chamados CFCs. Eles são gerados por aerossóis e aparelhos de refrigeração.
“O que está na atmosfera agora é o que foi lançado anos atrás. Os CFCs têm um tempo de residência na atmosfera muito longo, por isso ainda estão lá. A cada ano, eles começam a destruir a camada de ozônio de novo. O cloro que está lá vai continuar destruindo o ozônio ano que vem e no outro ano. Por isso, a gente espera que o buraco não abra mais lá por 2060 mais ou menos. São as previsões”, destacou a professora Damaris.
Dados da ONU, de novembro de 2018, apontam uma recuperação da camada de ozônio, em partes da estratosfera, com taxas de 3% a 13% por década desde 2000. O órgão considera que “o Protocolo de Montreal foi um dos acordos multilaterais mais bem-sucedidos da história”. Apesar disso, de acordo com a professora Damaris, após o protocolo ter proibido a fabricação de CFCs, foram criados gases substitutos.
Primeiro, criaram-se os hidroclorofluorcarbonetos (HCFCs). “Esse hidrogênio que foi adicionado evita que o cloro solte mais fácil da molécula, mas mesmo assim ainda tem cloro e esses gases ainda destroem o ozônio. O protocolo diz que esses gases podem existir até 2040, então foi feita uma corrida para substituir esse substituto. Do CFC passou para o HCFC e do HCFC passou para os hidrofluorcarbonetos (HFC)”, afirmou a professora Damaris.
Os HFCs não causam danos à camada de ozônio, porém apresentam elevado impacto ao sistema climático global, impactando diretamente o aquecimento global. Por conta disso, o protocolo de Montreal começou a monitorar a produção desses gases através da “Emenda Kigali”, que coloca os HFCs na lista de substâncias controladas.
Atualmente, já existem pesquisas com o objetivo de substituir os HFCs. Segundo a ONU Meio Ambiente, as nações que ratificaram a Emenda Kigali comprometem-se a reduzir em mais de 80% a produção e consumo desses gases. Se isso acontecer, será possível reduzir o aquecimento global futuro se houver uma diminuição de HFCs em cerca de 50% entre hoje e 2050.
De acordo com a ONU, recuperar a camada de ozônio pode prevenir até dois milhões de casos de câncer de pele por ano. Um mundo sem camada de ozônio seria um mundo em que os seres humanos desenvolveriam diversos problemas de saúde. As plantas e os animais também seriam afetados.
Apesar de a camada de ozônio estar em recuperação, a Dra. Damaris Kirsch alertou que é preciso ficarmos atentos: “Há poucos anos, houve emissões proibidas de CFC. Ele é um gás muito barato, qualquer químico consegue produzi-lo. Por isso, se alguém chegar para consertar seu ar-condicionado e perguntar se você quer colocar um gás mais caro ou mais barato, é porque o mais barato é um CFC”.
Acesse a notícia completa na página da Revista Arco da UFSM.
Fonte: Eloíze Moraes, Samara Wobeto e Luciane Treulieb, Revista Arco/UFSM. Imagem: Evolução dos buracos de ozônio sobre a Antártica. Fonte: NASA Earth Observatory (disponível ano a ano, de 1979 a 2019).
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