Notícia

Até 2054, os corais não serão mais capazes de produzir seu esqueleto de carbonato de cálcio

Estudos indicam que, desde o final dos anos 1960, a taxa de crescimento dos recifes de coral tem diminuído constantemente

Naja Bertolt Jensen via Unsplash

Fonte

Universidade de Pádua

Data

terça-feira, 31 agosto 2021 06:35

Áreas

Conservação. Ecologia. Mudanças Climáticas. Sustentabilidade.

Ainda são más as notícias para os recifes de coral em todo o mundo. Se o aumento das temperaturas e a acidificação dos mares continuarem nesse ritmo, em 2054 os corais não serão mais capazes de produzir seu esqueleto de carbonato de cálcio. E embora algumas formações possam tentar um ‘voo para o norte’, pelo menos para escapar do calor, este não é o caso do recife da Flórida. Este é o cenário apontado por dois estudos publicados recentemente: um estudo de revisão publicado na revista científica Communications & Environment e um artigo publicado na revista Scientific Reports.

Para produzir uma revisão sobre o assunto, cientistas da Universidade Southern Cross, na Austrália, analisaram 53 estudos publicados anteriormente, apontando as taxas de crescimento e calcificação de até 36 locais de recifes de coral, localizados em 11 países ao redor do mundo. Entre eles estão a Grande Barreira de Corais australiana, mas também o Shiraho Reef no Japão, os recifes de várias ilhas do Havaí, o estado de Palau, a Polinésia Francesa, as ilhas das Filipinas e até o Mar Vermelho.

Os estudos indicam que, desde o final dos anos 1960, a taxa de crescimento dos recifes de coral tem diminuído constantemente: em essência, esses concentradores de biodiversidade – assim como motores da economia de muitos países – estão em declínio constante. E as razões são principalmente duas, intimamente ligadas às mudanças climáticas.

A primeira, mais conhecida, são as ondas de calor cada vez mais frequentes: quando a temperatura da água está muito alta, os corais expelem sua alga simbiótica, a zooxantela. E ocorre o chamado “branqueamento do coral”, ou seja, sem a alga simbiótica o coral perde a cor e também a capacidade de se alimentar. Portanto, continua sendo uma estrutura simples de carbonato de cálcio. Se a temperatura da água, no entanto, voltar rapidamente aos níveis normais, a simbiose é recomposta e o dano é mínimo. Porém, quando a onda de calor persistir, o coral morre e seu esqueleto será esfarelado pelas ondas e pela ação do peixe papagaio, transformando-se em areia.

A segunda ameaça aos recifes de coral, por outro lado, é mais sutil e menos visível: a acidificação dos mares. Hoje, os esqueletos de calcário estão crescendo muito mais devagar do que há meio século atrás e, em um futuro não muito distante, podem até começar a se dissolver. Para entender a gravidade da situação, deve-se compreender que, para crescer e formar os famosos recifes, os corais constroem um esqueleto de calcita, a forma mais comum de carbonato de cálcio.

De onde eles obtêm esse carbonato de cálcio (CaCO3)? Eles o encontram dissolvido na coluna d’água, pronto como um “tijolo” para ser usado. Mas, nesse cenário, o dióxido de carbono produzido pelas atividades antrópicas atrapalha. Na verdade, os mares e oceanos absorvem cerca de 25% do dióxido de carbono produzido, dando-nos uma grande ajuda no combate às alterações climáticas. Mas essa absorção determina a acidificação dos mares, ou seja, diminui seu pH. Em suma, o dióxido de carbono no mar reage com a água para formar ácido carbônico, que por sua vez reage com os grupos carbonato dissolvidos no mar, incluindo o carbonato de cálcio, que é então removido dos corais como um “tijolo” disponível.

Portanto, quanto mais aumenta a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, mais ele é absorvido pelos mares e oceanos e menos carbonato de cálcio estará disponível na coluna de água para os corais (e para muitos outros organismos marinhos). E se o nível de CO2 na atmosfera chegar a 500 partes por milhão (ppm), a calcificação dos esqueletos de coral se tornará impossível.

Acesse o artigo científico completo na revista Communications & Environment  (em inglês).

Acesse o artigo científico completo na revista Scientific Reports  (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Pádua (em italiano).

Fonte: Francesca Buoninconti, Universidade de Pádua. Imagem: branqueamento de coral. Fonte: Naja Bertolt Jensen via Unsplash.

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