Notícia
Árvores da Amazônia agem como um registro vivo da atividade humana passada na região
Estudo do Inpa e do Instituto Max Planck, na Alemanha, mostra que as árvores tropicais agem como um registro vivo da atividade humana passada na Amazônia
Canal Ambiental, Rede T4H
Fonte
INPA | Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
Data
terça-feira, 9 abril 2019 10:30
Áreas
Agricultura, Biodiversidade, Ciência Ambiental, Clima.
A castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa) é bem conhecida em todo o mundo e tem sido uma parte importante das estratégias de subsistência humana na floresta amazônica, pelo menos desde o início do Holoceno (cerca de 12.000 anos atrás). Essas árvores podem viver por centenas de anos e são manejadas hoje por seres humanos devido as suas valiosas castanhas. Padrões no estabelecimento e crescimento de castanheiras vivas na Amazônia Central refletem mais de 400 anos de mudanças na ocupação humana, atividades políticas e socioeconômicas na região.
Em um novo artigo publicado na revista Plos One intitulado Anéis de crescimento de castanheiras (Bertholletia excelsa) como um registro vivo de distúrbios humanos históricos na Amazônia Central, uma equipe internacional de cientistas relata o uso combinado de dendrocronologia (ciência que analisa os anéis de crescimento das árvores) e levantamento histórico para investigar os efeitos das mudanças societárias e demográficas nos distúrbios florestais e na dinâmica de crescimento de uma espécie arbórea neotropical, a castanha-do-brasil.
O estudo, liderado por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), juntamente com colegas do Instituto Max Planck da Ciência da História Humana, mostra a influência das populações humanas e suas práticas de manejo na domesticação das paisagens desta floresta tropical.
Os pesquisadores usaram amostragem não-destrutiva, na qual pequenas amostras são removidas da casca até o centro das árvores para comparar os anéis de 67 castanheiras. Este é o primeiro estudo sobre a influência humana no crescimento de árvores que se estende 400 anos no passado, desde os tempos pré-coloniais naquela região do Brasil. O trabalho também reforça que as populações pré-coloniais deixaram marcas importantes na Amazônia, contribuindo para a mudança da estrutura e dos recursos florestais ao longo do tempo.
Amazônia domesticada
Até recentemente, as florestas da Bacia Amazônica costumavam ser consideradas “intocadas” ou o local de ocupação e uso humano em pequena escala antes da chegada dos exploradores europeus no século XVI. No entanto, pesquisas arqueológicas, arqueobotânicas, paleoambientais e ecológicas recentes destacam evidências extensas e diversificadas da domesticação de plantas, dispersão de plantas, manejo florestal e alteração da paisagem por sociedades pré-colombianas.
No entanto, o manejo humano das florestas tropicais sofreu uma série de mudanças drásticas com o surgimento das sociedades industrializadas globais. Muitas árvores economicamente importantes dominam as florestas amazônicas modernas, algumas das quais passaram por processos de domesticação. Portanto, entender as mudanças no manejo florestal testemunhadas pelas florestas amazônicas ao longo dos últimos séculos tem implicações significativas para a interação humana contínua com esses ecossistemas ameaçados.
Uma história registrada em anéis
Recentes estudos dendroecológicos surgiram como um caminho promissor para a investigação de mudanças no ambiente em florestas tropicais. Esses estudos avaliam os anéis formados anualmente em certas espécies de árvores para obter informações sobre o crescimento e idade dessas árvores, como é o caso da castanha-do-Brasil. Padrões de estabelecimento (nascimento) e mudanças abruptas no ritmo de crescimento das árvores, evidenciados por esses anéis, fornecem informações sobre as condições ambientais locais no passado.
A compreensão de como o manejo florestal mudou após a chegada dos colonos europeus e a ascensão das potências industriais ao longo dos últimos séculos tem implicações para o futuro da silvicultura e conservação sustentáveis na Amazônia. “Nossas descobertas lançam luz sobre como as histórias passadas de interações entre humanos e florestas podem ser reveladas pelos anéis de crescimento das árvores na Amazônia”, explica Caetano Andrade. “Futuras análises interdisciplinares dessas árvores, incluindo o uso de genética e isótopos, devem permitir investigações mais detalhadas sobre como o manejo de florestal mudou nesta parte do mundo, ao longo dos períodos pré- e pós-coloniais.”
Acesse a notícia completa na página do INPA.
Fonte: Redação – Instituto Max Planck/ INPA. Imagem: Canal Ambiental, Rede T4H.
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