Notícia
Árvores altas na Amazônia podem sofrer com temperaturas mais elevadas
Com o aumento do desmatamento, as florestas remanescentes menores e fragmentadas têm temperaturas mais altas, o que, por sua vez, exacerba os efeitos negativos do aquecimento nas árvores altas
Dr. Eduardo Maeda
Fonte
Universidade de Helsinque
Data
terça-feira, 22 fevereiro 2022 07:15
Áreas
Engenharia Florestal. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas.
Um novo estudo publicado na revista científica Nature Communications liderado por pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, em cooperação com cientistas de vários países, inclusive do Brasil, detalha o impacto que o aumento das temperaturas tem na floresta amazônica. O estudo mostra que árvores altas na Amazônia Central são impactadas por temperaturas máximas acima de 35oC.
Se as emissões muito altas de gases de efeito estufa (GEE) e CO2 dobrarem em relação aos níveis atuais até 2050, as temperaturas máximas na Amazônia provavelmente ultrapassarão 35oC pelo menos 150 dias por ano até o final do século, de acordo com o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC.
As copas das florestas antigas e intactas geralmente amortecem as altas temperaturas observadas no sub-bosque até certo ponto. No entanto, quando as temperaturas nessas camadas subjacentes atingem 35oC, como geralmente acontece em agosto e setembro em muitas regiões, as árvores altas perdem suas folhas e galhos.
“Se o número de dias registrando essas temperaturas muito altas dentro das florestas aumentar, podemos ver que as árvores altas sofrerão consideravelmente”, disse o Dr. Matheus Nunes, pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Helsinque, engenheiro florestal pela Universidade Federal de Lavras e autor principal do estudo.
Nas florestas tropicais, ainda há muitas incertezas sobre o momento e causas de eventos sazonais, como queda e explosão de folhas. Compreender esses padrões é crucial para entender como os ecossistemas tropicais responderão às mudanças climáticas.
“Projetamos um experimento com pesquisas repetidas usando um moderno scanner a laser para investigar a dinâmica sazonal das florestas amazônicas”, disse o Dr. Eduardo Maeda, coordenador do projeto financiado pela Academia da Finlândia e engenheiro agrícola e florestal pela Universidade Federal de Viçosa.
Nas últimas décadas, tem havido um debate sobre se as plantas na Amazônia são mais limitadas pela luz ou pela água. Este estudo fornece evidências de que o problema é mais complexo, pois demonstrou uma alta variabilidade nas camadas verticais da floresta. Em outras palavras, as árvores que ocupam as camadas inferiores, ou estratos, estão mais limitadas à luz, enquanto as árvores altas que ocupam os estratos superiores são mais afetadas pelas variações climáticas.
Fragmentação florestal
Para complicar ainda mais, o estudo mostra que o desmatamento na região exacerba os efeitos negativos do aquecimento. “As pequenas e fragmentadas florestas remanescentes tendem a ter temperaturas mais quentes no sub-bosque, por causa da maior penetração de luz na floresta”, disse o Dr. José Luís Camargo, coautor do estudo e diretor do “Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais”, estudo mais antigo da fragmentação de habitat na Amazônia Central.
As temperaturas mais altas nesses fragmentos florestais remanescentes aumentam a pressão sobre as árvores altas, que fazem com que as árvores percam suas folhas e galhos por um tempo prolongado. Atualmente, estima-se que 176.555 km2 da florestas amazônica estejam sob influência de efeitos de borda. Se o desmatamento continuar e as florestas se tornarem mais fragmentadas, provavelmente veremos consequências graves e uma mudança em grande escala na forma como os ecossistemas tropicais respiram.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Helsinque (em inglês).
Fonte: Universidade de Helsinque. Imagem: Os scanners a laser, ou LiDAR, têm sido cada vez mais usados para monitorar as respostas das florestas às mudanças globais. Os autores usaram medições repetidas usando um LiDAR terrestre para monitorar a fenologia florestal na Amazônia Central. Fonte: Dr. Eduardo Maeda.
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