Notícia

Amostras globais de pólen revelam taxa de mudança da vegetação

Em novo estudo, em vez de olhar para coleções de de pólen fóssil de sítios individuais, os pesquisadores olharam para a compilação mundial de dados de pólen

Dra. Sarah Ivory, Penn State

Fonte

Penn State | Universidade Estadual da Pensilvânia

Data

quinta-feira, 27 maio 2021 06:10

Áreas

Geociências. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas.

Amostras de pólen antigas e uma nova abordagem estatística podem lançar luz sobre a taxa global de mudança da vegetação e, eventualmente, sobre o quanto a mudança climática e os humanos contribuíram para alterar as paisagens, de acordo com uma equipe internacional de pesquisadores.

“Sabemos que o clima e as pessoas interagem com os ecossistemas naturais e os mudam. Normalmente, vamos a algum local específico e estudamos isso separando essas influências. Em particular, sabemos que o impacto que as pessoas têm remonta muito antes do que normalmente é aceito. No entanto, não fomos capazes de observar os padrões criados por esses processos globalmente ou em longo prazo”, disse a Dra. Sarah Ivory, professora de Geociências na Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State).

Nos últimos 100 anos, os pesquisadores coletaram conjuntos de dados de amostras de pólen fóssil de lagos secos e lagos ainda existentes. No estudo atual, em vez de olhar para coleções de sítios individuais, os pesquisadores olharam para a compilação mundial de dados de pólen. Eles examinaram 1.181 sequências de pólen fóssil usando uma abordagem estatística que é uma extensão das práticas padrão, mas que usa uma janela móvel de 500 anos para determinar quanto e com que rapidez a vegetação mudou ao longo do tempo em locais ao redor do mundo.

Uma das primeiras mudanças importantes na vegetação é vista quando as geleiras mais recentes começaram a derreter. As mudanças no pólen durante este período mostram mudanças significativas na vegetação. Embora houvesse humanos na época, eles viviam principalmente no que hoje são os trópicos ou estavam amplamente dispersos. A magnitude da mudança na vegetação observada sugere que, neste ponto, as mudanças climáticas foram as responsáveis [pelo derretimento das geleiras].

Outro sinal importante de mudança na vegetação aparece com a expansão da agricultura, que geralmente é considerada como tendo ocorrido de 3.000 a 4.000 anos atrás.

“Detectamos uma aceleração mundial nas taxas de mudança na composição da vegetação, começando entre 4,6 e 2,9 mil anos atrás, que é sem precedentes globalmente nos últimos 18.000 anos em magnitude e extensão”, observaram os pesquisadores em artigo publicado na revista científica Science. Eles acrescentam que “a escala dos efeitos humanos nos ecossistemas terrestres excede até mesmo a transformação causada pelo clima no último degelo”.

A Dra. Sarah Ivory notou que os humanos influenciavam a vegetação muito antes que a agricultura se tornasse um fator importante. Embora os pesquisadores conheçam a influência da humanidade no meio ambiente e na vegetação em particular, os estudos anteriores foram em escala local ou regional. Já em 700.000 anos atrás, os hominídeos usaram o fogo e 8.000 anos atrás, o uso extensivo de terras agrícolas mostrando a influência humana nas mudanças da vegetação no passado.

“As pessoas estão presentes, estão em todo o lado. Mesmo em lugares que não são muito urbanizados ou podem parecer bastante selvagens, muitas vezes no registro de pólen arqueológico e fóssil, vemos legados do impacto das pessoas muito precocemente. Como a biodiversidade e os recursos mudam ao longo do tempo em relação às mudanças climáticas e o impacto que as pessoas já tiveram? Como isso provavelmente mudará no futuro? “, questionou a pesquisadora.

Embora as observações modernas possam fornecer algumas informações, entender o que aconteceu há mais de 100 anos só é possível observando o registro fóssil e apenas em uma escala global. Esse conhecimento pode informar sobre o que pode acontecer no futuro. “Houve muitas coisas dinâmicas acontecendo nos últimos 11.000 anos. Os ecossistemas estavam se reorganizando. Muita da megafauna sumiu. É difícil explicar tudo isso sem o clima. No entanto, no final desse período não há grandes mudanças climáticas, então é mais provável que a tecnologia humana tenha sido a responsável”, explicou a Dra. Sarah Ivory.

De acordo com a pesquisadora, um próximo passo é incorporar ao estudo um melhor entendimento do que está causando essas mudanças. Ela também gostaria de olhar mais de perto a África. “Os impactos humanos na África são muito mais complexos do que na Europa ou na América do Norte. Houve um período muito mais longo em que os humanos existiram, desenvolvendo cultura, desenvolvendo novas tecnologias. Também não temos tantos dados”, argumentou a cientista.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Estadual da Pensilvânia (em inglês).

Fonte: A’ndrea Elyse Messer, Universidade Estadual da Pensilvânia. Imagem: Um núcleo de sedimento retirado do Lago Malawi, na África Oriental. Os dados do pólen foram obtidos desta amostra. Fonte: Dra. Sarah Ivory, Penn State.

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