Notícia
Algas podem transformar gases de efeito estufa em biomoléculas de interesse tecnológico
Além de buscar microalgas com esta capacidade, cientistas usam bactérias para otimizar produção de plástico biodegradável a partir do metanol
Divulgação
Fonte
Jornal da USP | Universidade de São Paulo
Data
quarta-feira, 23 janeiro 2019 09:00
Áreas
Biotecnologia. Energia. Recursos Naturais. Sustentabilidade. Tecnologias.
Uma equipe multidisciplinar do Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI) está estudando microalgas com potencial para a produção de bioprodutos a partir de gás carbônico e metano provenientes do gás natural. Os cientistas coletaram amostras na região da Baixada Santista (Cubatão e Guarujá) e isolaram 24 microalgas diferentes. Destas, quatro produziram tanto lipídios como biopolímeros. Sob a orientação da professora Dra. Elen Aquino Perpétuo, bióloga e coordenadora dos projetos 17 e 18 da instituição, o grupo também está selecionando bactérias para a produção específica de PHB (um biopolímero de alto valor agregado) a partir de metanol.
“A pesquisa com as bactérias está um passo à frente, porque já sabemos quais são as mais promissoras na produção de PHB. No caso das microalgas, ainda estamos identificando aquelas com maior potencial produtivo para dar o próximo passo, que é a otimização dessa produção”, resume o Dr. Bruno Karolski, biólogo e aluno do Pós-doutorado em Engenharia Química na Escola Politécnica (Poli) da USP.
Segundo ele, a ideia inicial era usar o gás natural diretamente na cultura de microalgas para que o gás carbônico presente no gás natural fosse captado por elas, mas o grupo agora estuda se vale mais a pena separar o gás natural em CO2 e CH4 e ministrar às microalgas apenas o CO2.
Segundo Letícia Oliveira Bispo Cardoso, química e doutoranda no Programa de Pós-graduação Interunidades em Biotecnologia da USP, há relatos de produção eficaz de PHB por microalgas, porém apenas quando modificadas geneticamente. “Em nosso caso, estamos explorando a diversidade de microalgas de um ambiente da Baixada Santista, visando encontrar as capazes de produzir PHB e também grandes concentrações de lipídios”, esclarece ela.
Bactérias e plástico
Os cientistas conseguiram extrair PHB produzido a partir de metanol de cinco das 180 cepas de bactérias com que trabalharam: Methylobacterium extorquens, Methylobacterium rhodesianum, Methylopila oligotropha, Methylobacterium radiotolerans e Methylobacterium populi.
“A Methylobacterium extorquens foi a que deu melhores resultados até agora: utilizando-se metanol como substrato, as bactérias chegaram a produzir 40% de PHB em 72 horas. A porcentagem de PHB é equivalente à relatada na literatura e agora estamos explorando maiores concentrações de oxigênio, testando agitação e diferentes concentrações de metanol para ver se conseguimos otimizar essa produção”, diz Letícia.
Letícia salienta que não se produz muito PHB no mundo a partir de metanol, pois a fonte de carbono mais comum do PHB é o açúcar. De acordo com ela, a oportunidade que a pesquisa possibilita, neste caso, é baratear a fonte de carbono para produção de PHB. “O açúcar é uma matéria-prima cara para se fazer plástico e acaba afetando o valor final do biopolímero. Esse é um dos fatores economicamente relevantes que pode ajudar a ampliar a participação do PHB no mercado de plásticos, entre outros”, revela a pesquisadora.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Karina Ninni/Acadêmica Agência de Comunicação. Imagem: Divulgação.
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