Notícia
A poluição dos congestionamentos pode ser pior do que você imagina
Pixabay
Fonte
Ken Kingery, Universidade Duke
Data
sábado, 22 julho 2017 10:40
Áreas
Qualidade do Ar, Poluição, Saúde, Material Particulado
As primeiras medidas realizadas no interior de um automóvel da exposição a poluentes que causam estresse oxidativo durante o horário de pico apresentaram resultados potencialmente alarmantes. Os níveis de algumas formas de partículas nocivas que foram encontradas dentro dos carros são até duas vezes mais elevados do que se acreditava anteriormente.
A maioria dos sensores de poluição proveniente do tráfego de veículos é colocada ao longo das ruas ou estradas e levam amostras contínuas por um período de 24 horas. Os condutores, no entanto, experimentam condições diferentes dentro dos veículos do que esses sensores detectam na estrada. A amostragem ao longo de um dia inteiro também perde variações e nuances causadas pelo congestionamento rodoviário e condições ambientais.
Para explorar ao que os motoristas estão realmente expostos durante a chamada “hora do rush”, pesquisadores da Universidade Duke, Universidade Emory e do Instituto de Tecnologia da Georgia, nos Estados Unidos, fixaram dispositivos especialmente projetados para coletar dados nos assentos de passageiros dos carros durante a hora do rush matinal no centro de Atlanta, EUA.
Os dispositivos detectaram até duas vezes mais partículas que os sensores das ruas. A equipe também descobriu que a poluição continha o dobro da quantidade de substâncias químicas que causam estresse oxidativo, que pode estar envolvido no desenvolvimento de muitas doenças, incluindo doenças respiratórias e cardíacas, câncer e alguns tipos de doenças neurodegenerativas.
Os resultados foram publicados na edição de 27 de junho da revista científica Atmospheric Environment.
“Descobrimos que as pessoas provavelmente receberão uma dupla exposição em termos de poluentes nocivos à saúde durante as viagens de horário de pico“, afirmou o Dr. Michael Bergin, professor de engenharia civil e ambiental na Universidade Duke.
“Se esses produtos químicos forem tão ruins para as pessoas como muitos pesquisadores acreditam, então os passageiros deveriam repensar seus horários”
Para o experimento, o Dr. Roby Greenwald, professor da Universidade Emory, criou um dispositivo de amostragem que atrai o ar a uma taxa similar aos pulmões humanos para detectar os níveis de poluição. O dispositivo foi então adaptado para os assentos de passageiros de mais de 30 carros diferentes, que completaram mais de 60 horas no tráfego durante o horário de pico.
Alguns motoristas seguiram rotas rodoviárias, enquanto outros ficaram presos nas ruas do centro da cidade. Enquanto detalhes como a velocidade e nível de abertura dos vidros variaram, toda a amostragem encontrou mais risco na exposição ao ar do que os estudos anteriores realizados com dispositivos de amostragem externos ao carro.
“Há muitas razões pelas quais uma amostra de ar no carro encontraria níveis mais altos de certos tipos de poluentes”, disse a Dra. Heidi Vreeland, autora principal do artigo. “A composição química dos gases de escape muda muito rapidamente, mesmo no espaço de apenas alguns metros. E o sol da manhã aquece as estradas, o que provoca uma corrente ascendente que traz mais poluição para o ar”.
As espécies reativas de oxigênio encontradas por este estudo podem fazer com que o corpo produza substâncias químicas para lidar com o oxigênio reativo. O material particulado causa a mesma resposta. Esta exposição pode desencadear uma reação que pode ser destrutiva para células saudáveis e DNA.
O estresse oxidativo tem papel importante em uma ampla gama de doenças, incluindo a síndrome de Asperger, TDAH, câncer, doença de Parkinson, doença de Alzheimer, aterosclerose, insuficiência cardíaca e ataque cardíaco, doença falciforme, autismo, infecções, síndrome de fadiga crônica e depressão.
“Ainda há muitos debates sobre quais tipos de poluição são motivo de maior preocupação e o que os torna tão perigosos”, explica o Dr. Michael Bergin. “Mas a conclusão é que dirigir durante as horas de pico é ainda pior do que pensávamos“.
“No caso de Atlanta, a má qualidade do ar nas ruas é devido ao fato de que 6 milhões de pessoas vivem na área metropolitana, e a maioria delas tem pouca escolha senão entrar em um automóvel para ir ao trabalho ou à escola ou aonde quer que seja. Esse é um exemplo de como o tráfego afeta negativamente sua saúde “.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
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