Notícia

A influência dos usuários e dados climáticos no consumo de energia em edifícios

Pesquisadores desenvolveram proposta metodológica para reduzir a distância existente entre os perfis energéticos esperados e medidos nos edifícios

Pixabay

Fonte

Universidade Politécnica de Madri

Data

sábado, 26 junho 2021 07:35

Áreas

Cidades. Construção Civil. Energia. Engenharia Civil. Sociedade.

Pesquisadores da Universidade Politécnica de Madri (UPM) e da Universidade de Sevilha, na Espanha, em colaboração com a Universidade Tecnológica de Delft (TU Delft), nos Países Baixos, desenvolveram uma proposta metodológica para o ajuste de modelos de simulação energética de construções que, com base em dados experimentais, permite reduzir o nível de incerteza dos resultados. A aplicação desse procedimento em modelos de simulação de energia permite quantificar o efeito que o uso de parâmetros medidos tem no consumo de aquecimento e resfriamento em comparação com parâmetros padronizados. A sua aplicação em planos de reabilitação futuros irá encorajar modelos de simulação a serem usados ​​como ferramentas preditivas para estimar com segurança a economia de energia que ocorre após as intervenções de reabilitação das construções.

Uma parte do setor da construção habitacional está direcionada para a reabilitação e modernização de edifícios devido ao fato de grande parte do parque edificado estar obsoleto por ter sido construído numa época (antes de 1979) em que ainda não existia regulamentação com requisitos básicos de energia e habitabilidade. Para levar a cabo políticas de reabilitação eficazes, é necessário conhecer e ter informações reais sobre o parque edificado e, assim, ser capaz de identificar e catalogar os edifícios. Graças a isso, bancos de dados podem ser gerados para controlar o cumprimento das regulamentações e para compilar estatísticas sobre o estoque habitacional. As estratégias de reabilitação mais adequadas para cada edifício podem então ser selecionadas fazendo uma abordagem muito mais exaustiva, avaliando cada uma das variáveis ​​que influenciam o comportamento térmico e energético do edifício, e estudando o impacto que cada uma delas tem no consumo.

Ferramentas de simulação de energia são utilizadas para prever o comportamento de edifícios, por exemplo, em processos de certificação energética. No entanto, vários estudos têm mostrado que há uma discrepância entre o desempenho energético esperado e o real dos edifícios, o chamado ‘gap de desempenho’.

Neste contexto, pesquisadores da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Madrid (ETSAM-UPM) e da Universidade de Sevilha em colaboração com o laboratório vivo SUSLabNWE da Universidade Tecnológica de Delft – uma infraestrutura especializada em processos participativos de inovação e sustentabilidade – e seus Building Technologies Accelerator, desenvolveram uma proposta metodológica que aplicaram e testaram em dois estudos experimentais. Os m pesquisadores selecionaram dois edifícios de habitação coletiva do mesmo tipo construtivo localizados em Madri, um reabilitado e outro não reabilitado. Nestes dois edifícios, o monitoramento e as medições no local foram realizados com equipamentos de medição desenvolvidos pela Faculdade de Engenharia de Design Industrial da Universidade Tecnológica de Delft. Essas medidas foram utilizadas para definir os padrões de uso e ocupação a partir da aplicação de métodos mistos que serviram para ajustar os parâmetros de entrada dos modelos de simulação com dados reais. Isto permitiu estudar o consumo de energia dos modelos, bem como realizar um estudo paramétrico que permite separar o impacto de cada um dos parâmetros estudados.

Os resultados mostraram que existe uma discrepância em função dos dados utilizados para o ajuste nos modelos, dando uma estimativa do potencial de economia no consumo de aquecimento quatro vezes maior ao ajustar os modelos com dados padronizados em vez de dados medidos. Além disso, o consumo de energia dos modelos revelou a importância de se ajustar os parâmetros de comportamento do usuário (chegando a diferenças de 98%) e os dados climáticos (chegando a diferenças de 190%), os quais foram identificados como fatores mais relevantes na diferença entre ajustar os modelos com dados medidos ou dados padronizados.

“Este trabalho constitui um avanço para futuros planos de reabilitação em que se possa promover a utilização de modelos de simulação energética de habitações, desde a fase de projeto, ajustada com dados reais dos edifícios e seus ocupantes”, destacou a Dra. Elena Cuerda, pesquisadora responsável pelo estudo.

A aplicação da nova metodologia incentivará o uso de ferramentas de simulação como ferramentas preditivas para estimar com segurança a economia de energia que ocorre após as intervenções de reabilitação. “Por fim, este trabalho também mostrou que é necessário promover, a partir das políticas nacionais de habitação, a definição de padrões reais de ocupação que reflitam a diversidade dos agregados familiares, os fatores socioeconômicos, os costumes, os modos de vida e hábitos e atitudes dos usuários, que permitem estimar com precisão a economia de energia nas obras de reabilitação, bem como o comportamento energético futuro dos edifícios no caso de novas construções”, concluiu a Dra. Elena Cuerda.

Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Energy and Buildings.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Politécnica de Madri (em espanhol).

Fonte: Universidade Politécnica de Madri. Imagem: Pixabay.

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