Notícia
A influência da brisa marítima no clima da Grande São Paulo
Estudo indica que, ao subir a serra, brisa mitiga ilhas de calor e melhora qualidade do ar, dispersando poluentes acumulados na atmosfera
Landsat / Wikimedia
Fonte
Agência FAPESP | Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
Data
quinta-feira, 13 setembro 2018 16:00
Áreas
Clima, Mudanças Climáticas, Saúde.
Ao subir a serra, a brisa que vem do litoral pode mitigar as ilhas de calor que se formam na Região Metropolitana de São Paulo, além de interferir na qualidade do ar ao promover temporariamente a dispersão dos poluentes acumulados na atmosfera.
É o que indica um estudo publicado na revista Atmosferic Research e conduzido pela pesquisadora Dra. Flávia Noronha Dutra Ribeiro, docente do curso de Gestão Ambiental na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). O trabalho teve apoio da FAPESP.
As circulações termicamente dirigidas provenientes de lagos, mares e montanhas ajudam a determinar não só o clima, mas a qualidade do ar das áreas urbanas próximas.
O foco da pesquisa coordenada pela Dra. Ribeiro é entender a propagação da brisa marítima na Camada Limite Planetária (CLP), a faixa de ar mais próxima da superfície, da Região Metropolitana de São Paulo e seus efeitos locais. “É esperado que a brisa traga um ar mais úmido e um pouco mais frio da costa, mas havia poucas informações disponíveis sobre o impacto real dela no perfil vertical da atmosfera”, disse a cientista, que também é pesquisadora e orientadora do programa de pós-graduação em Sustentabilidade na EACH-USP.
A CLP é a camada mais próxima do solo da troposfera, última camada da atmosfera, faixa gasosa que envolve a Terra e mantém a temperatura e o clima do planeta, além de filtrar os raios ultravioleta. A CLP é importante para o clima local, pois é responsável pela troca de calor e umidade entre a superfície e a atmosfera.
Ribeiro explica que a CLP recebe a interferência direta do que ocorre na superfície, como a capacidade de o solo refletir ou absorver o calor gerado pela radiação solar, tráfego automotivo, indústria, densidade demográfica e emissão de poluentes. E é justamente nessa camada que se formam as ilhas de calor, anomalia térmica que torna o ambiente urbano mais quente e seco do que as zonas rurais, que contêm mais vegetação.
“Como já temos uma região mais quente, o calor antropogênico – promovido por atividades humanas – tende a criar movimentos ascendentes na atmosfera e gerar uma circulação maior de ilhas de calor”, disse a pesquisadora.
Nas cidades, o ar é convergido para o centro, o que intensifica o efeito do fenômeno. E é esse fenômeno que acelera a propagação da brisa que, por sua vez, resfria o ar local. “Em São Paulo, a chegada da brisa marítima é muito positiva, pois deixa a temperatura um pouco mais baixa, o clima mais úmido e o ar menos poluído”, disse Ribeiro. O efeito, contudo, é temporário.
“A chegada da brisa provoca uma inversão térmica que deixa a CLP mais estável, agindo como uma espécie de tampa na atmosfera. Assim, embora o ar limpo chegue, os poluentes continuam sendo emitidos e não conseguem se dispersar na vertical como deveria ocorrer”, disse a pesquisadora.
Acesse a notícia completa no site da Agência FAPESP.
Fonte: Chloé Pinheiro | Agência FAPESP. Imagem: divulgação.
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