Inovação Tecnológica
Tratamento ecológico da vinhaça
Divulgação, Agência de Inovação da UFSCar
Um processo de tratamento da vinhaça por filtragem em materiais que permitem a melhoria das características poluentes desse resíduo e, com isso, seu uso para o cultivo em algas, é resultado de uma tecnologia recente desenvolvida no Departamento de Botânica da UFSCar pelas pesquisadoras Dra. Ana Teresa Lombardi, Dra. Camila Candido e Dra. Maria Inês Salgueiro de Lima.
O processo de filtragem da vinhaça bruta por argila esmectita e, posteriormente, por carvão ativado, torna seu pH mais próximo do neutro, reduzindo a quantidade de particulados e clareando o resíduo, o que permite maior passagem da luz. Com essas características, o resíduo filtrado pode ser utilizado em cultivo de algas com diluições menores. Pensando nisso, as pesquisadoras perceberam que taxas de crescimento de até 1,5 dia-1 para Chlorella vulgaris poderiam ser obtidas em até 60% de vinhaça filtrada, sendo que na literatura, os cultivos em vinhaça bruta ocorrem com quantias baixas do resíduo – de até 5%.
Levando cerca de dois anos para ser desenvolvida, entre o tempo dos testes de filtragem da vinhaça com diferentes materiais adsorventes e os testes de cultivo de Chlorella vulgaris em meio contendo o resíduo filtrado, a patente é fruto de um processo desenvolvido em uma iniciação científica no Laboratório de Biotecnologia de Algas da UFSCar, cujo desafio inicial era cultivar microalgas em vinhaça sem utilizar tanta água para diluição ou processos de tratamento caros, tentando aproveitar o resíduo para geração de uma biomassa bastante custosa da melhor maneira possível. A partir daí, as pesquisadoras perceberam que era necessário retirar o excesso de particulado e a coloração escura da vinhaça, tentando filtra-la em diversos materiais adsorventes convencionais utilizados na indústria e/ou agricultura, dando origem a um tratamento capaz de causar melhorias mais acentuadas.
A patente, desenvolvida em escala laboratorial, resultou na possibilidade de cultivo de Chlorella vulgaris em vinhaça filtrada a 60% e em vinhaça biodigerida filtrada a 80%, com taxas de cultivo de até 1,6 dia-1 – maior do que a obtida em um meio de cultivo algal padrão, chamado BG11, que foi de 1,2 dia-1. Entretanto, ela ainda não está disponível no mercado para comercialização em virtude do tempo necessário para o processo e o rendimento limitado dos materiais filtrantes. Para isso, as inventoras estimam o interesse de futuros pesquisadores da área de engenharia com o objetivo de otimizar e disponibilizar a tecnologia em escala comercial.