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Unesp apresentará na Unesco projeto de primeiro geoparque de SP
O Brasil possui 74 parques naturais, espalhados por todas as regiões. No entanto, os geoparques ainda são pouco conhecidos por aqui. No país, de 2006 para cá, apenas cinco áreas alcançaram esse status, que é conferido apenas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Agora, graças à iniciativa protagonizada por pesquisadores e professores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), com apoio de colegas de outras instituições, o estado de São Paulo caminha para obter o reconhecimento oficial de sua primeira unidade. Em setembro próximo, ocorrerá na cidade de Marrakesh, no Marrocos, a décima Conferência Internacional da Unesco sobre Geoparques. Lá, o geólogo Dr. Alexandre Perinotto, professor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas do campus de Rio Claro da Unesp (IGCE), irá apresentar o projeto do Geoparque Corumbataí.
A Unesco define os geoparques como partes da superfície terrestre, únicas e unificadas, que possuem reconhecido interesse geológico e nos quais se pode conduzir ações de promoção de ciência, educação e desenvolvimento sustentável. Desde os anos 1990, pesquisadores paulistas vêm se guiando por esta diretriz para conduzir uma série de estudos geológicos aprofundados na região da bacia hidrográfica do rio Corumbataí, no interior do estado, a cerca de 200 km da capital. Participam do projeto pesquisadores da Unesp, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e dos comitês das bacias hidrográficas dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, que atendem pela sigla PCJ.
A parte norte da bacia do rio Corumbataí, que delimita o geoparque, é considerada área de recarga do Aquífero Guarani, a imensa reserva subterrânea de água doce localizada em solo sul-americano. Entre as unidades geológicas que ocorrem no território do Geoparque Corumbataí, destaca-se a Formação Irati, que comporta fósseis de répteis (Mesosaurus) que viveram no planeta há cerca de 250 milhões de anos e que, por também serem encontrados em rochas semelhantes na África, reforçam a teoria da deriva continental – que sustenta que os continentes já foram uma só massa (o Gondwana).
A bacia do Corumbataí tem área de aproximadamente 1.700 km² e abriga uma população de cerca de 700 mil habitantes, em um território de relevo de cuestas basálticas e com uma Área de Proteção Ambiental (APA) protegendo mananciais. O rio que dá nome à bacia hidrográfica e ao projeto do geoparque tem suas nascentes em Analândia e deságua no Rio Piracicaba, sendo considerado fundamental à segurança hídrica das bacias PJC nas próximas décadas.
“Esse é um projeto maravilhoso, que traz ciência, preservação e desenvolvimento sustentável para toda a região”, disse o professor Alexandre Perinotto. Ele destacou o caráter colaborativo da iniciativa que reúne, além da universidade e dos estudantes de graduação e de pós-graduação, o poder público e, principalmente, as comunidades desses municípios. Nas tratativas para a criação do geoparque, o professor já se reuniu com os prefeitos de todos os nove municípios da região, e também com três secretários estaduais. O professor Perinotto também aponta a alta adesão do Geoparque Corumbataí à agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. No projeto estão contemplados nada menos do que nove dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relacionados na Agenda 2030. “A ideia da preservação é a essência que impulsiona o geoparque, que nada mais é do que uma estratégia de conservação”, concluiu o pesquisador.
Acesse a reportagem completa na página do Jornal da Unesp.
Fonte: Isadora de Sousa, Jornal da Unesp.
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