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Uergs lança cartilha nas línguas M’byá Guarani e portuguesa sobre gestão de resíduos
As ações de um projeto de Extensão da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) em Tapes que envolve a comunidade indígena M’byá Guarani resultaram na elaboração de uma cartilha com orientações sobre gestão de resíduos. A publicação “Nhemonguetá yty réguare tekoa’py: Conversando sobre o yty régua (lixo) nas aldeias” foi elaborada num diálogo intercultural, com textos nas línguas M’byá Guarani e portuguesa, e ilustrada por jovens indígenas.
A publicação pretende incentivar o diálogo entre os próprios guaranis sobre as problemáticas causadas pelo acúmulo de resíduos sólidos nas aldeias contemporâneas, tais como proliferação de ratos e insetos vetores de doenças, impactos sobre a fauna silvestre terrestre e aquática e danos aos solos e recursos hídricos. A intenção também é sensibilizar as comunidades com relação à importância do descarte de resíduos em locais adequados.
“O processo histórico de esbulho de suas terras originárias provocou consequências e transformações socioculturais, cujas problemáticas também estão relacionadas à questão de lidar com os resíduos sólidos, ou yty reguá (lixo), oriundos de materiais industrializados”, explicou a Dra. Rafaela Printes, professora da Uergs e responsável pela organização da cartilha.
A proposta de elaboração da cartilha surgiu a partir do projeto “Ma’ety, mbaraete nhemboguata tekoá Mbya kuery – Agricultura biodinâmica como pedagogia do fazer com sentido nas comunidades M’byá Guarani”, coordenado e executado pela equipe técnica da Associação Comunitária Recanto da Folha, instituição com a qual a Uergs é conveniada. O projeto de Extensão tem o objetivo de fortalecer a agricultura indígena em diálogo com a agricultura biodinâmica, por meio da elaboração e uso de preparados biodinâmicos nas roças tradicionais M’byá Guarani. Essa prática tem como objetivos a revitalização dos solos, o melhoramento da germinação de sementes originárias e o desenvolvimento de plantas cultivadas secularmente pelos guaranis.
Para o desenvolvimento da cartilha, foram realizadas reuniões com os monitores indígenas que fizeram as traduções e oficinas de desenho com quatro jovens M’byá Guarani, responsáveis pelas ilustrações complementares ao texto. “Os indígenas desenhistas visualizaram imagens reais dos impactos ambientais causados pelos resíduos na fauna (aves, mamíferos, répteis, peixes, etc.) e no ambiente como um todo, e com base no texto criaram as ilustrações”, explicou a professora Rafaela.
Além da elaboração da cartilha, a equipe do projeto também propôs atividades como a instalação de uma central de triagem de resíduos nas aldeias para estimular o debate e planejamento, mutirões de coleta de resíduos e conversas sobre separação dos materiais para reciclagem.
De acordo com a Dra. Rafaela, ter participado da publicação foi um processo de aprendizagem muito gratificante e reafirma o potencial da Uergs. “A Universidade, por meio de ações de Extensão, pode contribuir para auxiliar e incentivar a prática da gestão de resíduos nas aldeias”.
A produção também contou com o envolvimento do estudante Mateus Straceione, pós-graduando da Especialização em Educação Socioambiental da Uergs em Tapes. O estudante foi o responsável pela diagramação do material.
Acesse a página da Cartilha.
Acesse a notícia completa na página da Uergs.
Fonte: Filipe Pimentel e Daiane de Carvalho Madruga, Uergs.
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