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Testemunhos marinhos dão pistas sobre clima global

Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), da Universidade de São Paulo (USP) e da França estuda sedimentos localizados no fundo dos oceanos conhecidos como ‘testemunhos marinhos’.

Trata-se de sondagens geológicas do substrato marinho, que ajudam a revelar como era o clima no passado. Os cientistas estudam microfósseis e a química dos sedimentos para estabelecer parâmetros climáticos pretéritos, tais como a temperatura e salinidade do oceano, como também a precipitação no continente adjacente ao longo de milhares, ou até mesmo poucos milhões de anos. Com isso, conseguem identificar fases, quando a Terra foi mais fria com os glaciais ou mais quente com os interglaciais, e comparar com o atual momento, buscando compreender as complexas relações climáticas estabelecidas em cada uma dessas etapas e seus impactos sobre os ecossistemas continentais.

Em 2023, o grupo realizou uma expedição científica entre o Suriname e o Brasil, chamada Cruzeiro Amaryllis, a bordo do navio de pesquisa oceanográfica francês Marion Dufresne, com uma tripulação científica franco-brasileira e financiada por agências de fomento francesas e brasileiras como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a FAPERJ e a FAPESP.

A expedição durou 21 dias, partindo do Suriname e aportando em Recife, passando pela Amazônia. Durante a trajetória, os cientistas realizaram levantamentos geológicos e a coleta de testemunhos marinhos que tem potencial para cobrir entre 1 a 3 milhões da história climática global, na margem equatorial do Brasil.

“O ‘passado é a chave do futuro’ é uma ideia antiga, disseminada por Marco Cícero, filósofo romano que viveu no século I A.C. Essa frase é, de fato, aplicável em muitas áreas do conhecimento, mas nenhuma é tão fundamental como para a climatologia. Nosso entendimento e previsão do clima do futuro depende, fundamentalmente, de compreendermos a variabilidade do clima do passado. O sistema climático terrestre é tão complexo que se faz necessário encontrarmos análogos passados de condições climáticas, potencialmente futuras, para prevermos seus impactos. Essa é a base conceitual dos estudos que fazemos, a Paleoclimatologia, ou seja, a ciência que reconstitui o clima do passado para possibilitar a melhoria da previsão do futuro climático da Terra e seus impactos”, afirmou a Dra. Ana Luiza Spadano, coordenadora da pesquisa na UFF.

A Dra. Ana Luiza contou que o grupo da UFF começa a estudar o aporte de Mercúrio (Hg) na foz do rio Amazonas nos últimos mil anos. A ideia, segundo ela, é ser capaz de reconstituir a dinâmica natural desse elemento, ou seja, antes da intervenção humana com os garimpos e, assim, compreender o exato papel das atividades humanas, alterando o ecossistema natural. Além disso, outros estudos conduzidos na UFF reconstituirão as variações naturais da temperatura e salinidade dos oceanos na margem equatorial no último milhão de anos, visando compreender a relação desses parâmetros com o clima global, de forma a entender os potenciais sinais de alerta para mudanças extremas do futuro.

Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.

Fonte: Claudia Jurberg, FAPERJ.

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