Destaque
Startup cria primeira tinta 100% natural à base de pigmentos vegetais do mercado
Fonte
FAPERJ | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Data
terça-feira, 28 março 2023 07:05
Arte, terapia e diversão é a proposta da startup Mancha Orgânica, um dos poucos itens de origem sustentável para o entretenimento de crianças. Diferente das opções ‘naturais’ comumente encontradas no mercado, como bonecas de pano e brinquedos de madeira, cuja origem nem sempre é conhecida, a Mancha busca aplicar a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, acompanhando desde a produção da matéria-prima, passando pela produção da tinta, até a logística de distribuição.
A economia circular está presente na cadeia de alguns insumos como, por exemplo, da erva-mate, utilizada para a obtenção da tinta verde. Neste caso, a fração da erva-mate cuja granulometria não é utilizada para produção de chá e, portanto, seria descartada, é empregada para produção da tinta. A emissão de CO2 durante o processo de transporte e distribuição das tintas também é compensada com investimento em projeto de reflorestamento na Amazônia, uma parceria da Mancha Orgânica com a Eccaplan Consultoria em Sustentabilidade. No processo de consumo e produção sustentáveis, alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), o desafio da empresa foi misturar ciência, alquimia e diversão, cuidando para que cada detalhe impacte positivamente a sociedade e o meio ambiente.
Segundo Amon Costa, um dos idealizadores da startup, tudo começou em 2011, na Faculdade de Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), quando ele e os amigos Pedro Ivo Costa e Rafael D’ Ávila resolveram buscar uma solução sustentável de tinta para atender a um projeto do Núcleo de Meio Ambiente da PUC. As primeiras experiências foram realizadas nas cozinhas de suas casas, mas a participação de sua irmã, Martina Pinto, a partir de 2017, foi fundamental para o desenvolvimento e estabilização do produto, que hoje contempla as sete cores do arco-íris. Martina ingressou na equipe para auxiliar no aprimoramento de formulações que já haviam sido desenvolvidas, desenvolver novos materiais para utilização em outros setores e auxiliar no escalonamento dos processos de produção das tintas. Segundo a engenheira química, os produtos da Mancha possuem uma base natural atóxica cuja composição é basicamente vegetal, livre de metais pesados e compostos sintéticos.
Corantes, pigmentos e tintas orgânicas à base de vegetais são uma alternativa sustentável aos produtos sintéticos convencionais que, muitas vezes, apresentam metais pesados e/ou resinas acrílicas em sua formulação. Além de cores e aromas diversos, cada vegetal que empresta sua cor para a produção das tintas resulta em um produto com consistência e textura diferentes.
Para agregar à proposta a educação ambiental, cada tinta foi associada a um mascote, que representa um animal existente em um dos biomas brasileiros. A Urucum Carnaval, por exemplo, associada ao sentimento de liberdade, tem como mascote o Tucano-de-bico-preto, cujo estado de conservação é considerado ‘vulnerável’. Já o Amarelo do Cerrado, que estimula a curiosidade, tem como mascote o Lobo-Guará, também enquadrado na categoria ‘vulnerável’. Representando a Amazônia, a Beterrosa, tinta à base de beterraba, representa paciência e seu mascote é o Boto-Rosa, cuja população encontra-se ’em perigo’.
Martina, atualmente pesquisadora de pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), contou que a rica biodiversidade brasileira possibilita a exploração de inúmeras matérias-primas. Ela explica que além da cor, a Mancha busca materiais que possuam aromas e texturas distintos, estimulando o desenvolvimento sensório-motor, principalmente das crianças. A Mancha se preocupa também em obter, quando possível, compostos a partir de resíduos agrícolas, favorecendo o beneficiamento da cadeia produtiva e estimulando a bioeconomia. Em 2018, por exemplo, a empresa oficializou a primeira colaboração para o reaproveitamento de um subproduto da cadeia de alimentos, com a Iniciativa Araucária+, apoio da Fundação Certi e da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. E, em 2019, lançou a tinta de erva-mate orgânica, matéria-prima produzida em Santa Catarina com padrões de sustentabilidade e que contribui com a conservação de 180 hectares de Floresta com Araucárias.
Em relação à ‘falsa percepção’ de que os produtos naturais e sustentáveis costumam ser mais caros que os sintéticos, Amon crê num futuro em que todos os produtos não sustentáveis serão sobretaxados e perderão competitividade e aceitação. “Vai chegar o tempo em que a sustentabilidade será uma regra de mercado”, afirmou Amon Costa.
Acesse a página da startup Mancha Orgânica.
Acesse a notícia completa na página da FAPERJ.
Fonte: Paula Guatimosim, FAPERJ.
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