Destaque

Restauração da vegetação em áreas periurbanas pode ser estratégia para adaptação climática

Fonte

Jornal da USP

Data

sábado, 19 novembro 2022 16:10

Dado que 96% da população do Estado de São Paulo é urbana, é de grande relevância que ações de adaptação climática com foco em cidades façam parte das políticas de governo. Foi com esse objetivo que um grupo de pesquisadores, gestores públicos e representantes da sociedade civil do Biota Síntese incluíram entre as estratégias recomendadas ao Plano de Ação Climática (PAC) do Estado “fomentar novas oportunidades de restauração com foco em adaptação climática em áreas periurbanas”. O PAC tem como meta atingir até 2050 a neutralidade das emissões de gases de efeito estufa; e deve dialogar com o Plano de Adaptação e Resiliência Climática do Estado, que está em elaboração.

Biota Síntese é um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e vinculado ao Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) com o objetivo de subsidiar políticas públicas voltadas à sustentabilidade com foco em Soluções Baseadas na Natureza, trabalhando por meio do contato constante entre cientistas e Secretarias do Estado, como a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente (Sima/SP), responsável pela elaboração do PAC. Por sua expertise, o projeto ficou responsável por discutir estratégias relacionadas à restauração de áreas degradas no Estado, que, de acordo com a meta do PAC, deve chegar a 800 mil hectares em 2050.

Segundo o Dr. Jean Paul Metzger, coordenador do Biota Síntese, pesquisador do IEA-USP e professor do Instituto de Biociências da USP (IB-USP), em geral, os esforços de restauração da vegetação costumam se concentrar nas áreas rurais, onde há mais disponibilidade de terras, principalmente em áreas de pastagens degradadas. “Eu acho que aí mesmo que a gente pode ganhar escala. Isso ajuda muito a você pensar num planejamento de mitigação, de captura de carbono. Que é o race to zero, para você neutralizar as emissões”, analisou o professor. “Mas a gente tem o race to resilience também. Que é a ideia de que a gente tem que aumentar nossa capacidade de resiliência às mudanças climáticas. Esse aumento da resiliência, ele obviamente envolve elementos da produção agrícola, mais envolve uma série de outros problemas que ocorrem muito mais em centros urbanos, onde as pessoas habitam.”

Problemas como enchentes, deslizamentos, ilhas de calor, falta de água potável e concentração da poluição, que são comuns em cidades, podem ser intensificados por eventos extremos de calor, secas e chuvas associados às mudanças climáticas já em curso. A presença de áreas verdes em pontos estratégicos das cidades poderia ser uma forma de amenizar esses riscos, entretanto: “Quando a gente vai para as áreas urbanas, contrariamente às áreas rurais, você não tem espaço para restauração, para expansão das áreas verdes. É tudo muito mais engessado, o preço das terras é muito alto, há uma competição muito grande por espaços”, explicou o professor Metzger. “No entanto existe uma região entre o urbano e o rural, que é esse periurbano, onde você tem uma proximidade dessas áreas com as áreas de habitação. E onde você tem, sim, terras disponíveis para fazer a restauração”, completou o pesquisador.

Serviços ecossistêmicos nas áreas periurbanas

Um importante exemplo que mostra os benefícios da relação entre urbano, periurbano e rural é a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV), um mosaico de paisagens localizado no entorno da maior mancha urbana do País, a Região Metropolitana de São Paulo, chegando até a Baixada Santista. As florestas e áreas verdes da RBCV são responsáveis por prover diversos recursos essenciais à população da macrometrópole. “A questão da água é crucial. Se a gente pegar o território da reserva da biosfera, praticamente 100% da água é produzida e armazenada dentro dele”, relatou Rodrigo Victor, assessor técnico da Fundação Florestal e colaborador do Biota Síntese, que foi coordenador executivo da RBCV de 2001 a 2009. “Você depende dessas áreas íntegras para poder proteger o recurso hídrico, em qualidade e quantidade”, complementou.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.

Fonte: Fernanda Pardini Ricci, Jornal da USP.

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