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Recuperação de florestas tropicais pode compensar apenas um quarto das emissões de carbono de novos desmatamentos e degradação de florestas tropicais

Fonte

INPE | Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Data

segunda-feira, 20 março 2023 07:00

Um novo estudo pioneiro descobriu que o desmatamento e as florestas perdidas ou degradadas devido às mudanças ambientais, como incêndios e exploração madeireira, estão superando rapidamente as taxas atuais de recuperação florestal. As florestas tropicais são ecossistemas vitais na luta contra emergências climáticas e ecológicas. O estudo, publicado na revista científica Nature e liderado pela Dra. Viola Heinrich, pesquisadora da Universidade de Bristol, na Inglaterra, em cooperação com pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), destacou o potencial de armazenamento de carbono e os limites atuais da regeneração florestal para enfrentar essas crises.

Os resultados mostraram que as florestas degradadas que se recuperaram de distúrbios humanos (principalmente fogo e exploração madeireira) e as florestas secundárias que se regeneraram em áreas anteriormente desmatadas removem anualmente pelo menos 107 milhões de toneladas de carbono da atmosfera em todo os trópicos. A equipe de pesquisadores internacionais quantificou as taxas de recuperação de estoques de carbono acima do solo usando dados de satélite nas três maiores florestas tropicais do mundo: Amazônia, África Central e Borneo.

Embora os resultados demonstrem o importante valor do carbono na conservação das florestas em recuperação em todo o trópico, a quantidade total de carbono absorvido no crescimento dessas florestas foi suficiente apenas para equilibrar cerca de um quarto (26%) das emissões de carbono atuais do desmatamento e da degradação nas florestas tropicais.

A Dra. Viola Heinrich, autora principal do estudo, destacou: “Nosso estudo fornece as primeiras estimativas pan-tropicais de absorção de carbono acima do solo em florestas tropicais em recuperação de degradação e desmatamento. Embora proteger as florestas tropicais antigas continue sendo a prioridade, demonstramos o valor de gerenciar de forma sustentável áreas florestais que podem se recuperar de perturbações humanas”. Na comparação entre as florestas da Amazônia, África Central e Borneo, na Ásia, foi observado que os distúrbios humanos no Borneo causaram as maiores emissões de carbono em florestas degradadas, principalmente devido ao corte de madeira. Porém, as florestas em Borneo também acumulam carbono cerca de 50% mais rápido que nas outras regiões.

A equipe de pesquisa também identificou que cerca de 1/3 das florestas degradadas por corte de madeira ou fogo foram posteriormente desmatadas, enfatizando a vulnerabilidade da captura de carbono por essas florestas. O Dr. Luiz Aragão, coautor do estudo e Chefe da Divisão de Observação da Terra e Geoinformática do INPE explicou: “Focar na proteção e restauração de florestas tropicais secundárias e degradadas é uma solução eficiente para a construção de mecanismos robustos para desenvolvimento sustentável dos países tropicais. Isso agrega valor monetário para os serviços ambientais locais e globais fornecidos por essas florestas, por sua vez, beneficiando as populações locais econômica e socialmente.”

“A colaboração científica entre os times do Reino Unido e Brasil foi fundamental para realização desse estudo”, destacou o Dr. Ricardo Dal’Agnol, coautor do estudo, egresso do INPE e  atualmente pesquisador na Universidade da Califórnia Los Angeles (UCLA) e no Jet Propulsion Laboratory da NASA. Ele complementou: “Temos dificuldade em recursos nas instituições do Brasil, porém ainda temos domínio de conhecimento de nossas florestas e de uso de dados de satélite, que foram fundamentais para esse avanço do conhecimento. Hoje temos uma visão muito mais completa do potencial da regeneração de florestas nos trópicos e como isso pode ajudar a mitigar mudanças climáticas”.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Fonte: INPE.

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