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Projeto USP-Ibama propõe avaliação dinâmica e integrada de indicadores sobre desmatamento na Amazônia
Uma nova ferramenta para a compreensão sobre o desmatamento na Amazônia Brasileira foi desenvolvida em pesquisa na Universidade de São Paulo (USP). O produto técnico do mestrado no Programa de Pós-Graduação Profissional em Ambiente, Saúde e Sustentabilidade (ProASaS) está hospedado na Plataforma de Análise e Monitoramento Geoespacial da Informação Ambiental (PAMGIA), do Ibama.
O cerne do projeto é o desenvolvimento de um Painel de Sustentabilidade Integrada, uma ferramenta dinâmica e abrangente que vai além dos indicadores tradicionais de perda florestal. Ao invés disso, busca-se uma análise holística que incorpore fatores ambientais, econômicos, institucionais e sociais, visando identificar os pontos críticos de desmatamento, bem como as dinâmicas subjacentes que perpetuam essa problemática.
Ao delimitar sua análise aos municípios classificados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) com desmatamento monitorado e sob controle entre os anos de 2012 e 2021, o projeto visa identificar padrões e tendências, fornecendo subsídios valiosos para a formulação de políticas públicas mais eficazes e direcionadas. Por meio dessa análise aprofundada, pretende-se promover a conservação da biodiversidade e dos recursos naturais da região.
Os resultados da pesquisa revelam informações que nem sempre são obtidas pela análise isolada de indicadores. Observou-se, por exemplo, que o repasse de incentivos econômicos ocorre sem correlação com a redução do desmatamento, sugerindo a necessidade de estratégias mais dinâmicas, sofisticadas e integradas.
Além disso, foram identificados critérios relevantes para a restauração florestal, com atores sociais que podem obter renda econômica nesse processo, oferecendo uma visão abrangente dos desafios e oportunidades enfrentados nos municípios estudados e que podem se repetir pela região.
“Durante muitos anos, o foco foi no número absoluto do desmatamento, porque é o indicador claro de maior perda florestal. Quando olhamos para dados integrados, como por exemplo o que resta de vegetação em um município, isto não é visto com relevância nas análises. A pesquisa mostra que mesmo com poucos quilômetros quadrados desmatados, se um município destruir 1% de suas florestas remanescentes, já deve ligar um alerta de prioridade de ações de prevenção e combate, incluindo restrição ao crédito e aumento na fiscalização”, explicou o pesquisador Hugo Schaedler, que é servidor do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Por outro lado, “há claras oportunidades de desenvolvimento de bioeconomia, implementação de políticas florestais e pagamento por serviços ambientais, mesmo em cenários de áreas já suprimidas”, completou Hugo Schaedler.
Segundo Rodrigo Agostinho, Presidente do Ibama, “a PAMGIA tem por objetivo centralizar e fornecer de forma dinâmica e integrada as informações ambientais de interesse do Ibama e de seus parceiros, permitindo que os dados temáticos sejam visualizados de forma estatística e geoespacial pelos usuários”.
Para a professora Dra. Maria da Penha Vasconcellos, orientadora da pesquisa na Faculdade de Saúde Pública da USP (FSP-USP), a avaliação integrada representa um esforço coletivo e interdisciplinar para enfrentar um dos desafios mais urgentes de nosso tempo. “Ao unir expertise acadêmica, recursos tecnológicos e compromisso com a sustentabilidade, este projeto exemplifica o potencial transformador da pesquisa científica na busca por soluções inovadoras e sustentáveis para os problemas ambientais globais”, disse a professora.
Acesse o Painel de Sustentabilidade Integrada.
Acesse a notícia completa na página do Jornal da USP.
Fonte: Jornal da USP.
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