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Proibição de plásticos pode aumentar os danos ao planeta, aponta estudo do Reino Unido
A proibição de plásticos pode parecer um passo em direção a um futuro mais limpo e mais verde, mas um grupo de pesquisadores da Universidade Heriot-Watt , no Reino Unido, apontam que isso pode resultar em danos ambientais muito maiores. Cerca de 40 pesquisadores, cobrindo várias disciplinas em toda a universidade, incluindo engenharia, ciências, economia e ciências sociais, formaram uma nova rede para analisar, de forma imparcial e especializada, as questões e problemáticas crescentes em torno do plástico.
O debate ganhou novas discussões desde a série Blue Planet 2 da BBC, que levou a questão de volta à consciência pública e levou a muitos pedidos de proibição absoluta. Os pesquisadores querem aproveitar esse momento contribuindo positivamente para essas discussões em andamento para ajudar a criar um modelo mais sustentável para a fabricação e uso de plástico. Embora os pesquisadores apoiem a necessidade urgente de evitar os efeitos ambientais potencialmente prejudiciais dos plásticos, eles dizem que muitos dos argumentos atuais em torno de uma redução ou proibição são muitas vezes míopes e não baseados em fatos.
Impacto industrial
O professor David Bucknall, presidente em Química de Materiais do Instituto de Ciências Químicas da Universidade Heriot-Watt , está preocupado com a pressão de vários setores que pedem a proibição total, pois não há alternativas claras. Estimativas mostram que a substituição de plásticos por materiais atualmente disponíveis levaria a uma duplicação do consumo global de energia e à triplicação de emissões de gases de efeito estufa . Uma análise separada descobriu que o custo ambiental da substituição de plástico seria quase quatro vezes maior.
“Portanto, embora algumas pessoas possam desejar que os plásticos sejam reduzidos ou banidos, precisamos garantir que os estamos substituindo por materiais que são melhores para o planeta. Em muitos casos, não há alternativa credível para usar um plástico, por isso precisamos nos mover em direção a uma “economia circular” para plásticos, ao invés do modelo “fazer usar-descartar” que adotamos atualmente. Isso exigirá mudanças e melhorias não apenas nos plásticos que estamos produzindo, mas também em reutilizá-los e reciclá-los”, aponta o pesquisador
Impacto social
Kate Sang, professora de Estudos de Gênero e Emprego na Escola de Ciências Sociais da Universidade Heriot-Watt, argumenta que muitas pessoas com deficiência confiam no plástico, especialmente no plástico de uso único, em suas vidas cotidianas. A pesquisadora sugere que: “Se quisermos abordar o debate sobre o plástico, temos que fazê-lo a partir de uma posição baseada em evidências. Apesar de todos nós termos visto os danos ambientais causados pela poluição do plástico, devemos reconhecer que os plásticos de uso único transformaram os cuidados de saúde neste país e tornaram-se essenciais para a prestação de um serviço de saúde seguro e responsável.
Ela explica: “O foco neste estágio deve ser trabalhar com os fabricantes para desenvolver alternativas adequadas e coletar e descartar adequadamente os plásticos de uso único, para que as pessoas com deficiência não sejam mais marginalizadas.
Impacto ecológico
Nos próximos dez anos, os plásticos no oceano deverão triplicar de acordo com um relatório do governo do Reino Unido. A quantidade de resíduos plásticos poluindo o meio ambiente, particularmente os habitats marinhos, é um problema crescente que o mundo moderno ainda precisa resolver. As estimativas variam quanto à quantidade de resíduos plásticos que vazam em nossos mares, de 4 milhões para 12 milhões de toneladas por ano no mundo.
O professor Ted Henry, do Instituto de Ciências da Vida e Ciências da Terra da Escola de Energia, Geociência, Infraestrutura e Sociedade da Universidade Heriot-Watt, passou mais de cinco anos investigando o impacto dos plásticos nos ambientes marinhos.
O pesquisador argumenta que: “Há um problema com plásticos entrando no ambiente e isso precisa ser resolvido, mas precisamos procurar nos lugares certos para encontrar uma solução de longo prazo. Banir o plástico não é a resposta, os esforços devem ser direcionados para a criação de uma economia circular para os plásticos que integra o design, uso, reciclagem e reutilização de plásticos para reduzir o descarte indiscriminado.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Heriot-Watt.
Fonte: Craig McManamon, Universidade Heriot-Watt. Imagem: Pixabay.
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