Destaque
Pesquisadores desenvolvem ferramenta de apoio à gestão florestal após incêndios
Uma das consequências das mudanças climáticas é que pode chover, nevar ou cair granizo, mais ou menos do que era considerado ‘normal’ a cada ano. Outra é que as chuvas se concentram em um número menor de eventos (chove o mesmo no total por ano, embora aconteça com menos frequência, mas quando acontece é mais intenso) ou também, que as secas são mais frequentes e duram mais. Tudo isso torna as florestas mais vulneráveis aos megaincêndios, que são aqueles que danificam áreas florestais superiores a 10.000 ha (para se ter uma ideia, 1 ha equivale à superfície de um campo de futebol).
Nas últimas três décadas e graças ao conhecimento das condições ambientais (previsões passadas, presentes e/ou futuras) de um determinado local, juntamente com observações da presença de, por exemplo, pinheiros ou carvalhos na mesma área, a comunidade científica tem conseguido obter mapas que identificam, tanto para o momento atual como para o final do século XXI, ‘áreas potencialmente habitáveis’ para cada uma das espécies, nos chamados Modelos de Nicho Ecológico. Esta ferramenta é utilizada em diversas áreas de pesquisa, como Planos de Conservação ou estudos sobre Espécies Exóticas, mas até agora sua utilidade não tinha sido testada na Recuperação de Áreas Queimadas.
Pela primeira vez, pesquisadores da Escola Técnica Superior de Engenheiros Florestais e do Ambiente Natural da Universidade Politécnica de Madri (UPM), juntamente com colegas do Centro Nacional de Investigação e Tecnologia Agroalimentar (INIA-CSIC), Instituto de Ciências Florestais (ICIFOR), da Faculdade de Ciências e do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças Globais da da Universidade Autônoma de Madri, na Espanha, obtiveram mapas que mostram como uma determinada área é e será em um futuro próximo para espécies de árvores afetadas pelo fogo há quase 20 anos (2005).
Para isso, os pesquisadores levaram em conta o estado de regeneração atual e também as previsões de um aumento de 4,5ºC na temperatura média global no final deste século. Os resultados da pesquisa demonstram a utilidade dos Modelos de Nicho Ecológico como ferramenta de apoio aos gestores florestais, que desenham Planos de Recuperação em médio e longo prazo após a ocorrência de um incêndio e garantem a recuperação e sustentabilidade das florestas.
No estudo, os especialistas propõem que os planos de restauração pós-fogo considerem os efeitos das mudanças climáticas na dinâmica de regeneração. Sugerem, portanto, a utilização de Modelos de Nicho Ecológico como ferramenta proativa de apoio aos gestores florestais, uma vez que estes modelos conferem maior dinamismo aos planos de restauração (apesar de algumas limitações reconhecidas), além de outros tipos de ações de manejo implementadas após os megaincêndios.
Modelos de Nicho Ecológico de alta resolução (25 metros) foram construídos para as quatro principais espécies de árvores em uma área afetada por um grande incêndio no centro da Espanha em duas escalas (local e regional) e dois períodos de tempo (2 e 14 anos após o fogo), considerando a escala local e dois cenários futuros de alterações climáticas. O uso de Modelos de Nicho Ecológico precisos fornece uma interpretação objetiva das condições potenciais do habitat e a oportunidade de examinar manchas de vegetação, que são inestimáveis no gerenciamento da restauração de áreas afetadas por megaincêndios considerando cenários de mudanças climáticas.
Os resultados foram publicados na revista científica Science of The Total Environment.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Politécnica de Madri (em espanhol).
Fonte: UPM.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar