Destaque

Pesquisadores da Unicamp cultivam microalgas para a produção de biocombustível

Fonte

Agência FAPESP

Data

sexta-feira, 7 abril 2023 10:55

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem cultivado microalgas em laboratório em condições controladas para aproveitar seus metabólitos, especialmente os lipídios, com o objetivo principal de produzir biocombustível. O trabalho foi descrito em artigo publicado na revista científica Biomass Conversion and Biorefinery.

“É possível também extrair proteína e carboidratos e aproveitá-los como alimento, além de obter produtos que podem ser utilizados na área cosmética, como betacarotenos, e outros compostos valiosos, entre eles a ficocianina, um pigmento natural azul”, afirmou a Dra. Luisa Fernanda Ríos, pesquisadora do Laboratório de Otimização, Projetos e Controle Avançado (LOPCA) da Faculdade de Engenharia Química da Unicamp. Ela explicou que as cores dos mares e dos rios resultam da presença de microalgas, que podem ser azuis, verdes ou marrons.

O trabalho, assinado por quatro cientistas do LOPCA, analisou e comparou, pela primeira vez, o crescimento e a produtividade da espécie Botryococcus terribilis em sistemas fechados e abertos. Sistemas fechados são aqueles em que não há troca de ar com o ambiente – como fotobiorreatores, em que é possível manter as condições de crescimento da microalga mais controladas. Já os sistemas abertos são tanques (raceway ponds, que são lagoas artificiais rasas) usados em laboratório, mas que trocam ar com a atmosfera, portanto abertos ao ambiente. Proteínas, carboidratos, lipídios, pigmentos e hidrocarbonetos foram extraídos e quantificados. É a primeira vez que os hidrocarbonetos de B. terribilis são extraídos e caracterizados, segundo o grupo de pesquisa.

“Estudos em cultivo de B. terribilis têm grande relevância econômica e ambiental, mas são raramente tratados na literatura científica”, afirmou o texto. “As microalgas são os microrganismos mais antigos, responsáveis pela produção de até 50% do oxigênio que respiramos”, explicou a Dra. Luisa Ríos. “Juntando-se a fungos, criaram a matéria orgânica que hoje conhecemos como plantas.”

As microalgas crescem por meio do fenômeno de fotossíntese idêntico ao das plantas, ou seja, recebem dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e energia do sol e os transformam em oxigênio. Assim, acumulam diferentes tipos de metabólitos, como proteínas, carboidratos e lipídios – e, em menor quantidade, carotenoides, clorofila e vitaminas.

O petróleo também tem em sua composição essas microalgas, que se depositaram no fundo do mar e da terra. “Imaginem o tanto de coisas importantes que tem dentro da célula desse organismo”, destacou a Dra. Luisa Ríos, doutora em Engenharia Química pela Unicamp.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência FAPESP.

Fonte: Ricardo Muniz, Agência FAPESP.

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