Destaque

Pesquisador da UFSC planta 4300 árvores nativas na Amazônia

Fonte

UFSC | Universidade Federal de Santa Catarina

Data

terça-feira, 18 junho 2024 15:50

Os sucessivos incêndios florestais na Amazônia e a dificuldade das árvores em se recuperarem a partir do impacto que as queimadas causam nos ecossistemas levaram o pesquisador Dr. Bernardo Flores, pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a plantar milhares de árvores em meio às planícies aluviais, periodicamente invadidas por inundações, na Amazônia.

O experimento foi iniciado na região de Barcelos, cidade histórica a cerca de 400 quilômetros de Manaus, no Amazonas, e com o plantio tendo iniciado em janeiro de 2014. O trabalho nos igapós do Rio Negro, principal afluente do Rio Amazonas, foi documentado em parceria com a Dra. Milena Holmgren, professora da Universidade Wageningen, nos Países Baixos, em uma publicação de 2021 na revista científica Journal of Ecology, e demonstrou a complexidade de se recuperar um ambiente degradado e a importância da restauração dessas áreas.

A recuperação das florestas após o impacto das queimadas é uma das preocupações de cientistas e ambientalistas, inclusive por conta da sua relação direta com o aquecimento da Terra e com desastres ambientais que atingem territórios como o Sul do Brasil, como as recentes inundações no Rio Grande do Sul. O experimento do Dr. Bernardo Flores contou com diferentes etapas, desde a coleta das sementes até a análise das espécies que haviam crescido com sucesso.

Sua ideia era verificar o que dificultaria a recuperação florestal depois de uma queimada ou de sucessivas queimadas. “As florestas de igapó na Amazônia são desmatadas para roça e extração de madeira. Os incêndios destroem áreas enormes e a recuperação é muito lenta ou sequer ocorre, o que faz com que o ecossistema seja aprisionado em um estado não florestal. Áreas remotas podem virar savanas nativas, como observamos em um outro estudo na mesma região”, explicou.

Esses incêndios se agravam ainda mais no contexto dos extremos climáticos. O El Niño, fenômeno que intensifica as chuvas e inundações em regiões como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, também é o responsável pela maior incidência e impacto das queimadas na Amazônia. “Os incêndios ocorrem em anos de El Niño médios e fortes, causando secas severas no Norte da Amazônia. Quanto mais eventos extremos e El Niños acontecerem, mais incêndios acontecem e mais se perde cobertura florestal nesses ecossistemas”.

O interesse pelas árvores e pela floresta não ocorreu à toa. Biólogo marinho, Bernardo quis estudar a floresta em busca de um olhar sistêmico. “As árvores são a estrutura que forma um ecossistema inteiro. No caso dos ecossistemas marinhos, um elemento que estrutura é a coluna d`água, no caso da Amazônia, as árvores moldam a formação dos ecossistemas”, explicou. “A sensação de estar no meio desses organismos gigantes é muito estimulante para pensar em ciência”.

Ao mesmo tempo, são elas, também, responsáveis por fazerem o ecossistema suportar diferentes condições climáticas. “Onde tem fogo elas se fecham e protegem do fogo. Onde é frio, elas se fecham e suportam o frio. Onde é seco elas evitam a perda da umidade”, exemplificou.

Fora da Floresta Amazônica, a importância das árvores também tem exemplos significativos. Na região Sul, a Araucária é um exemplo de como uma única espécie pode servir de base para uma série de funções e atividades. É o que a ecologia chama de keystone species: a pedra central de um arco que sustenta todo o peso de uma estrutura. “Além disso, elas são fundamentais pois servem de base para toda a cadeia trófica: elas produzem a energia que vai sustentar o ecossistema”, lembrou o pesquisador.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Santa Catarina.

Fonte: Amanda Miranda, Agecom UFSC.

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