Destaque

Pesquisa sobre biodiversidade em Alter do Chão indica ameaça às savanas amazônicas

Fonte

Ufopa | Universidade Federal do Oeste do Pará

Data

terça-feira, 15 fevereiro 2022 19:40

Mais de vinte anos atrás, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) iniciaram um estudo-piloto para integrar os estudos ecológicos de vários organismos, monitorando a biodiversidade em áreas da vila balneária de Alter do Chão, no município de Santarém, no Pará.

Os estudos foram padronizados a partir do final da década de 1990 e se tornaram o embrião para a criação do Sistema RAPELD (protocolo de pesquisas para estudos rápidos – RAP – em pesquisas ecológicas de longa duração – PELD). Esse sistema vem sendo utilizado no sítio de pesquisa ecológica de longa duração do Oeste do Pará (Popa) em um estudo de revisão acerca dessas pesquisas padronizadas e de longa duração sobre a biodiversidade na região.

Ao longo dos anos, os pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e do Inpa instalaram e mantiveram plots de monitoramento de pesquisa permanentes em uma mancha de savana amazônica perto da vila de Alter do Chão. Plots são parcelas permanentes aonde os pesquisadores retornam periodicamente para medir a biodiversidade e o que possivelmente a afeta. As savanas amazônicas são formadas por uma vegetação de porte baixo, com árvores tortuosas, e na maior parte por gramíneas. São semelhantes às savanas presentes no Cerrado brasileiro, mas com menor diversidade de espécies. Atualmente, as savanas amazônicas constituem um ecossistema ameaçado, cobrindo apenas 6% do bioma Amazônia.

A maior parte dos estudos produzidos pelos cientistas ao longo desses anos focaram em três questões ecológicas de longo prazo, que remontam à época dos estudos originais: Quais são as forças ecológicas que mantém a tensão entre as savanas e florestas? Quais são as respostas de curto, médio e longo prazo da fauna ao fogo e outras variáveis ecológicas local e globalmente importantes? Quais são as influências naturais da fragmentação florestal natural e das características da paisagem sobre a flora e a fauna?

O estudo acaba de ganhar novo destaque com a publicação de artigo na revista científica Anais da Academia Brasileira de Ciências, que sintetiza algumas respostas às três principais questões elaboradas pelos pesquisadores anos atrás.

Resultados

De acordo com as conclusões publicadas, o fogo e o solo são importantes para a manutenção da tensão entre a floresta e a savana. A textura do solo, mais argilosa, e a maior concentração de potássio nos solos das florestas do que das savanas beneficia a formação e manutenção de uma estrutura mais arbórea. O solo interage com o fogo, que só adentra às florestas em anos de estiagem prolongada.

Concluiu-se também que o fogo parece não afetar populações de roedores e de lagartos que habitam as savanas da região. Esses animais desenvolvem estratégias comportamentais que permitem maior resiliência. Já a estrutura da vegetação das savanas é fortemente afetada pelo fogo, o que pode prejudicar alguns animais indiretamente.

Além disso, verificou-se que a fragmentação natural que ocorre nos fragmentos florestais em Alter do Chão parece afetar alguns grupos de espécies (como árvores, aves e formigas), mas não outros (como morcegos e pequenos mamíferos não voadores). “As estratégias desenvolvidas pelas espécies para superar a matriz de savana que circunda os fragmentos parecem ser fundamentais para determinar as respostas de cada grupo”, esclareceu o pesquisador Dr. Rodrigo Fadini, professor da Ufopa que integra o PELD Oeste do Pará (Popa).

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Ufopa.

Fonte: Renata Dantas, Comunicação/Ufopa.

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