Destaque
Pesquisa sobre a caatinga amplia conhecimento sobre o bioma
Fonte
FAPESQ-PB | Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba
Data
quarta-feira, 1 novembro 2023 10:30
Pesquisadores de universidades do Brasil e do exterior estão desde 2019 realizando expedições em regiões do semiárido nordestino para produzir conhecimento sobre a caatinga, um bioma por muitos anos visto preconceituosamente como pobre e estéril. O destino atual são as dunas do Rio São Francisco, no município baiano de Casa Nova. A pesquisa faz parte do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), financiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (FAPESQ-PB) e pelo Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
“Essa região em que estamos coletando agora é de alto endemismo de caatinga”, contou o Dr. Daniel Mesquita, professor do curso de Biologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e coordenador do projeto. O endemismo é um termo utilizado na Biologia para indicar que a distribuição de um conjunto de espécies se limita a uma região geográfica reduzida: só é possível encontrá-la de forma natural nesse determinado lugar.
“A imensa maioria dos endêmicos de caatinga ocorre nessas regiões de dunas do Rio São Francisco”, continuou o professor. “Não existem dunas só aqui em Casa Nova, existem em outras localidades também: em Xique-Xique, Barra, por exemplo. Mas aqui é um dos lugares que tem muitas espécies que se encontram na lista de ameaçadas de extinção”.
No projeto ‘Passado, presente e futuro da caatinga: história, ecologia e conservação da herpetofauna frente às mudanças ambientais‘, os pesquisadores capturam espécies para coletar material genético. A partir daí, tentam avaliar o risco de extinção das espécies. Herpetofauna é o nome dado a população de répteis e anfíbios de uma determinada área.
“Nós conseguimos reencontrar espécies endêmicas que se encontram ameaçadas e encontramos espécies que só são conhecidas pela localidade de onde foi descrita a espécie, por exemplo”, destacou o professor Daniel Mesquita.
A expedição já fez pesquisas de campo na região de Serra Vermelha e em Redenção do Gurguéia, no Piauí; na Reserva Olho d’Água das Onças, em Picuí, na Paraíba; na Barra de Mamanguape, também na Paraíba; e no Parque Nacional de Boqueirão da Onça, em Campo Formoso, na Bahia. As dunas do São Francisco, em Casa Nova, são, por enquanto, a última parada com o financiamento via FAPESQ-PB.
A pesquisa é muito importante por abordar um bioma que ainda carece de conhecimento. “A caatinga é um bioma exclusivo do Brasil. A Amazônia dividimos com vários outros países, o cerrado também. A caatinga é única”, explicou o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, Claudio Furtado. “E nós conhecemos muito pouco sobre a caatinga, sobre a sua potencialidade do ponto de vista biotecnológico ou a questão do manejo porque a catinga está dentro do semiárido mais populoso do mundo, que compreende o Nordeste e parte de Minas”.
A pesquisa busca conhecer melhor o passado e o presente da caatinga e antever o futuro. O presente vem com descobertas sobre o que ocorre atualmente no bioma. “Já descobrimos várias coisas aqui na caatinga”, contou o professor Daniel Mesquita. “A primeira coisa que a gente acaba descobrindo são novas distribuições de espécies anteriormente desconhecidas”.
O passado vem a partir do uso do material genético coletado. “Usamos material genético para entender o passado, como é que as mudanças no ambiente mudaram as distribuições das espécies hoje em dia, através de estudos de filogeografia, por exemplo”, explicou. O futuro, combinando informações para avaliar os riscos de extinção das espécies frente às mudanças climáticas. “Coletamos dados ecofisiológicos, dados de tolerância, dados de temperatura preferencial, dados de temperatura crítica dos animais, para usar isso em modelagens para avaliar os riscos de extinção de espécies na caatinga”.
Acesse a notícia completa na página da FAPESQ-PB.
Fonte: Renato Félix, Assessoria Secties via FAPESQ-PB.
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