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Pesquisa inédita da Unifesp revela aumento dos eventos extremos de temperatura do ar na costa do Brasil
Estudo inédito realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) avaliou as ondas de calor ao longo da costa brasileira pela variação na intensidade e frequência de eventos extremos de temperatura. A pesquisa demonstrou que está se tornando mais frequente encontrar temperaturas cada vez mais altas na costa sudeste e sul do país.
O estudo avaliou uma série histórica com dados de temperatura do ar observados a cada hora do dia ao longo dos últimos 40 anos em cinco regiões costeiras do país: MA (São Luís), RN (Natal), ES (São Mateus), SP (Iguape) e RS (Rio Grande). A partir destes dados, pesquisadores do Instituto do Mar (IMar/Unifesp) utilizaram modelos matemáticos para definir o que seriam extremos de temperatura para cada uma das regiões, pois em um país tão grande quanto o Brasil e com clima tão diverso, uma determinada temperatura pode ser extrema em uma região e normal em outra. Além disso, diferentes temperaturas podem ser consideradas extremas dependendo do mês do ano em cada local.
Com a pesquisa detalhada, foi possível observar como a frequência e a intensidade dos valores de temperaturas máxima e mínima, a variação da amplitude térmica ao longo do dia e as mudanças abruptas de temperatura entre dias consecutivos variam em cada região e época do ano. O estudo foi publicado na revista Scientific Reports.
Os impactos das variações de temperatura
“O aumento de ondas de calor e de frio tem vários impactos na sociedade em todo o mundo, que vão desde o desconforto térmico até o aumento de incêndios florestais, problemas de saúde e da mortalidade de animais, plantas e dos seres humanos, especialmente, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade. Estudos recentes demonstram um aumento de quase 70% na mortalidade de idosos devido ao calor intenso. Ao longo dos últimos anos, foram vários casos de mortalidade por ondas de calor como vistos na Espanha, Canadá e Portugal, por exemplo”, relatou o Dr. Ronaldo Christofoletti, coordenador da pesquisa e professor do IMar/Unifesp.
Os impactos das variações de temperatura também impactam a biodiversidade. “Diversas espécies de animais marinhos têm apresentado alterações fisiológicas, de mudança de comportamento e até da distribuição de onde vivem em função das ondas de calor e frio. Eventos extremos de temperatura podem ocasionar mortalidade em massa de recursos pesqueiros e influenciar as cadeias de pesca, especialmente, as da pesca artesanal”, afirmou o Dr. Fábio Sanches, coautor da pesquisa e pós-doutorando pelo IMar/Unifesp.
Além dos recursos pesqueiros, o professor Christofoletti destacou que “o agronegócio brasileiro está ameaçado por estas variações. A produtividade é dependente do ciclo anual de temperatura e chuva, e as alterações de extremos e de amplitude térmica podem baixar a produtividade, a qualidade da produção ou mesmo levar a perda da safra. Especialmente no sul do país, com os dados de que as temperaturas mínimas estão cada vez mais quentes, pode levar a uma alteração do sistema produtivo nas próximas décadas”.
A variação de extremos de temperatura e também da amplitude térmica diária e em dias consecutivos pode intensificar eventos de chuva extremos, como os vistos na costa de São Paulo em 2023. “O regime de chuvas está associado à temperatura do ar, evaporação, temperatura do oceano e sistemas de pressão atmosférica que produzem os ventos. A dinâmica da condição meteorológica associada aos eventos extremos ou mudanças abruptas entre dias consecutivos é propícia para influenciar o volume e a intensidade de chuvas e pode levar a tragédias como ocorrida no litoral norte de São Paulo em fevereiro, que foi resultado de dias muito quentes, oceano mais quente, maior evaporação de água e massas de ar e ventos que atingiram a costa”, explicou o Dr. Fernando Martins, professor do IMar/Unifesp e pesquisador de dinâmica climática.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de São Paulo.
Fonte: Alexandre Milanetti, Unifesp.
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