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Pesquisa da Ufopa destaca impacto da exploração florestal madeireira sobre a biodiversidade
Ex-aluno do Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia (PPGRNA) da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Arlison Bezerra Castro, hoje técnico no Laboratório de Ecologia e Conservação do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef), é o autor principal de artigo publicado recentemente na revista científica Animal Conservation, sobre os efeitos da exploração madeireira de impacto reduzido na biodiversidade da Floresta Nacional do Tapajós, na região Oeste do Pará.
O artigo apresenta os resultados de estudo realizado entre 2014 e 2015, que utilizou morcegos como organismos-modelos para avaliar o impacto da exploração madeireira.
“Estudos normalmente comparam a biodiversidade de áreas manejadas e não manejadas após a ocorrência do impacto. Aqui, em parceria com a Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (COOMFLONA), tivemos a oportunidade de fazer o trabalho em duas áreas, uma que seria explorada (impacto) e outra que permaneceria inexplorada (controle)”, explicou o Dr. Rodrigo Fadini, professor da Ufopa e orientador do estudo, que também contou com a colaboração dos pesquisadores Dr. Paulo Estefano Bobrowiec, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Sônia Castro e Dr. Luís Reginaldo Rodrigues, ambos do PPGRNA da Ufopa.
A pesquisa teve por objetivo avaliar a resposta da fauna de morcegos às modificações causadas na floresta pelas atividades de exploração madeireira e foi realizada através da coleta de dados em campo. “No estudo usamos os resultados para tirar conclusões sobre a capacidade da exploração madeireira de impacto reduzido em cumprir os objetivos de conservação, ao mesmo tempo que permite impactos mínimos na biodiversidade”, explicou Arlison Castro no resumo do artigo.
Durante 64 noites, foram capturados 706 morcegos, de 36 espécies e 24 gêneros. “Os morcegos foram escolhidos porque são de fácil amostragem, possuem taxonomia bem resolvida e respondem rapidamente a diversos impactos ambientais. Além disso, são importantes na realização de diversos serviços ecológicos, como dispersão de sementes, polinização e controle de insetos”, afirmou o professor Rodrigo Fadini.
Os resultados mostraram que morcegos animalívoros, que se alimentam de insetos e de pequenos vertebrados, foram afetados pelo manejo de impacto reduzido, principalmente em áreas cuja copa da floresta foi mais atingida pelas atividades madeireiras. “Testamos a relação entre a abertura do dossel da floresta e a assembleia de morcegos antes e depois da exploração madeireira”, afirmou Arlison Castro.
Para o Dr. Rodrigo Fadini, o estudo de fato revela que algumas guildas de morcegos podem ser afetadas pela exploração madeireira em curto prazo. “A resposta dos morcegos depende da guilda alimentar à qual eles pertencem. Aqueles que consomem frutos e néctar aumentaram tanto na área manejada quanto na que permaneceu intacta. Já os morcegos que consomem insetos e pequenos vertebrados se reduziram tanto em abundância quanto em riqueza de espécies, afetando sua composição. Esses morcegos também foram afetados pela abertura do dossel após a exploração madeireira”, explicou o pesquisador. Para os cientistas, pesquisas futuras devem avaliar ‘se’ e ‘quando’ essas guildas retornarão ao estado pré-exploração.
Diante desse resultado, os pesquisadores concluíram que os empreendimentos de exploração madeireira, mesmo aqueles que promovem menores distúrbios à floresta, que é o caso da exploração realizada na Flona do Tapajós, precisam deixar algumas áreas preservadas dentro da Área de Manejo Florestal para permitir o retorno da fauna mais sensível após a exploração da floresta.
A pesquisa indica ainda que é necessário utilizar a amostragem antes do manejo para avaliar o real efeito da exploração florestal sobre as espécies da fauna; e que o desenho amostral proposto, com o estudo das áreas antes e depois do manejo, deveria ser usado como o método padrão para estudos de impacto do manejo sobre a biodiversidade em longo prazo.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Ufopa.
Fonte: Comunicação/Ufopa, com informações do pesquisador Rodrigo Fadini.
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