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Período de chuvas pode aumentar aparecimento de insetos e animais peçonhentos no espaço urbano
Durante o período de chuvas, algumas situações já são comuns: aumento de casos de doenças virais, aumento de alagamentos pela cidade, e também o aumento do aparecimento de insetos e de animais peçonhentos nas áreas urbanas. Neste sentido, professoras da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) esclarecem sobre o assunto: a entomologista Dra. Telma Batista (professora do campus Belém) e a Dra. Annelise D’Angiolella (professora no campus Capitão Poço). As especialistas dão algumas informações importantes para entender e prevenir acidentes com esses animais.
Insetos
De acordo com com a professora Telma Batista, o período chuvoso é a época de reprodução de determinados insetos, como os ‘Cupins’. “Eles saem dos ninhos para fazer o acasalamento logo depois que cai uma chuva, por isso costumamos vê-los sempre ao redor das lâmpadas acesas. Outro inseto importante é a formiga. Os dois vivem no solo e caso ocorram enchentes, o ninho pode ficar encharcado, e os insetos, logicamente, saem à procura de abrigo dentro das casas ou em outros locais secos e mais seguros”, explicou a professora.
Tanto com cupins, quanto com formigas, é preciso ficar atento. “É preciso ter cuidado com os cupins, porque eles podem fazer ninhos e destruir forros, armários, mesas, caixilhos, janelas, quadros e portas. Já as formigas podem transmitir doenças porque andam em cima de lixo e, aderidos às patas, podem trazer microrganismos que transmitem doenças”, disse a Dra. Telma.
Ela explicou que há também um outro inseto, que costuma ser muito visto no período de maior incidência de chuva: a barata d’água. “É um percevejo grande. Vive, geralmente, em pequenos rios, áreas alagadas, valas e esgotos. Além da fobia que algumas pessoas têm em relação a esses animais, há o risco de reações alérgicas, devido as picadas, como é o caso da barata d’água, que não transmite nenhuma doença, mas cuja picada é considerada uma das mais dolorosas entre os insetos”, disse. A pesquisadora também explicou que algumas plantas que ficam no entorno da casa podem se transformar em abrigos para insetos, facilitando a transição para dentro das residências.
Animais Peçonhentos
Segundo a professora Annelise D’Angiolella, o ambiente natural fica mais úmido e até mesmo mais alagado nesse período, então os animais tendem a buscar outros abrigos. “Durante esse período encontramos espécies que fogem dos ambientes úmidos, como escorpiões, aranhas e baratas, ou que fogem dos solos encharcados, como algumas espécies de serpentes que são fossoriais, ou seja, adaptadas a viver debaixo do solo. Assim, esses animais acabam dentro das casas e em zonas urbanas, em busca dos ambientes mais secos”, explicou a Dra. D’Angiolella.
A professora destacou que, assim como aparecem animais que fogem da umidade, há também os que gostam dos ambientes mais úmidos. “Ao mesmo tempo é bem típico o aparecimento de algumas espécies que gostam de ambientes mais úmidos, por isso aparecem muitos caramujos, lacraias, piolhos de cobra, animais não necessariamente peçonhentos”, disse. E é justamente aí que está o perigo, já que algumas espécies que costumam aparecer neste período são peçonhentas, ou seja, animais que liberam uma toxina venenosa. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa), em 2020 aconteceram 7.945 acidentes com animais peçonhentos durante o período de chuvas intensas no Pará.
“Os animais peçonhentos são os que têm veneno, que é uma toxina, e possuem um aparato inoculador que é o que deposita o veneno na presa, o animal que ele se alimenta. Comumente esses animais usam esse veneno, esse aparato, como estratégia de defesa, quando se sentem ameaçados acabam atacando”, explicou a professora.
Entre os animais peçonhentos mais conhecidos estão algumas espécies de cobras. Segundo a Sespa, 92% dos acidentes com animais peçonhentos no Pará são com serpentes da espécie Jararaca, seguido de uma pequena porcentagem de acidentes com Surucucu e Cascavel. A professora disse que para evitar o aparecimento desses animais é essencial deixar o ambiente de convívio sempre limpo. “Para evitar que esses animais usem as casas como refúgio, o ideal é manter sempre o quintal limpo, evitar acumular lixo e entulhos, restos de obras e troncos ao redor da casa, isso atrai roedores como ratos e mucuras, e consequentemente atrai predadores deles, que são as serpentes”, disse a professora.
Ela reforçou que, em caso de encontro com os animais, especialmente os peçonhentos, é necessário alguns cuidados. “Caso esses animais apareçam, é essencial manter a calma, não se colocar em risco e não manusear o animal por conta própria. Existem casos de acidentes com serpentes, por exemplo, em que as pessoas tentam matar o animal ou manusear, e acabam sofrendo acidentes. O ideal é chamar os órgãos ambientais responsáveis, como o Batalhão de Polícia Ambiental e até mesmo o Corpo de Bombeiros”, concluiu a especialista.
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Fonte: Andréia Santana e Vanessa Monteiro, Ascom UFRA.
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