Destaque

Nova metodologia permite determinar por que os glaciares costeiros estão recuando e se isso pode ser atribuído às mudanças climáticas antropogênicas

Fonte

Georgia Tech | Instituto de Tecnologia da Geórgia

Data

terça-feira, 26 julho 2022 20:40

Globalmente, muitos glaciares costeiros estão derretendo mais rápido do que nunca, mas é difícil discernir exatamente o que está provocando o recuo em grande escala devido às flutuações naturais nos arredores dos glaciares.

Recentemente, pesquisadores do Instituto de Geofísica da Universidade do Texas (UTIG) e do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech), nos Estados Unidos, desenvolveram uma metodologia para determinar por que os glaciares costeiros estão recuando e, por sua vez, quanto pode ser atribuído às mudanças climáticas antropogênicas (causadas pelos seres humanos). Correlacionar as atividades humanas aos movimentos das geleiras costeiras – que derretem diretamente no mar – pode abrir caminho para melhores previsões sobre o aumento do nível do mar.

Publicada recentemente na revista científica The Cryosphere, a metodologia é única porque trata o rápido recuo dos glaciares como um evento probabilístico individual, como um incêndio florestal ou uma tempestade tropical. Para que um grande recuo aconteça, a geleira deve recuar além de seu ‘limiar de estabilidade’, que geralmente é uma subida íngreme no leito rochoso subjacente que ajuda a diminuir seu fluxo. A probabilidade de isso acontecer varia dependendo do clima local e das condições oceânicas que mudam com as flutuações naturais e o aquecimento antropogênico. Mesmo pequenas variações podem causar grandes mudanças no comportamento de uma geleira, tornando-as difíceis de prever e levando a casos em que as geleiras foram encontradas recuando ao lado de outras que não o foram.

Até agora, os cientistas testaram a abordagem apenas em modelos de computador usando glaciares simplificados. Eles descobriram que mesmo um aquecimento global modesto fez com que a maioria das geleiras derretesse ou recuasse.

O próximo passo, disseram os pesquisadores, é a simulação dos glaciares costeiros de uma camada de gelo real, como a da Groenlândia, que contém gelo suficiente para elevar o nível do mar em cerca de 7 metros. Isso revelará se eles estão recuando devido às mudanças climáticas e ajudará a prever quando uma grande perda de gelo poderá ocorrer.

“A metodologia que estamos propondo é um roteiro para fazer declarações confiantes sobre qual é o papel humano [nos recuos de glaciares]”, disse o Dr. John Christian, glaciologista e pesquisador de pós-doutorado na Universidade do Texas em Austin e no Georgia Tech. “Essas declarações podem ser comunicadas ao público e aos formuladores de políticas e ajudar na tomada de decisões.”

Superando a incerteza

A Dra. Ginny Catania, coautora do estudo e glaciologista do UTIG, apontou que o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas descobriu que ainda havia muita incerteza sobre os glaciares costeiros para dizer se o seu recuo é devido às mudanças climáticas antropogênicas ou às flutuações climáticas naturais.

O novo estudo mostra como superar a incerteza, fornecendo uma metodologia que leva em conta as diferenças entre os glaciares e as flutuações climáticas naturais, enquanto testa o efeito de tendências de fundo, como o aquecimento global. De acordo com a Dra. Ginny Catania, o estudo significa que agora eles podem atribuir o recuo em massa das geleiras costeiras às mudanças climáticas e não apenas à variabilidade natural. “E essa é a primeira vez que alguém faz isso”, disse a pesquisadora.

Para testar a metodologia, a equipe fez milhares de simulações dos últimos 150 anos com e sem aquecimento global. As simulações mostraram que mesmo um aquecimento modesto aumentou drasticamente a probabilidade de recuo do glaciar em toda a camada de gelo.

Quando os cientistas executaram modelos sem mudanças climáticas antropogênicas, descobriram que era praticamente impossível que mais do que alguns glaciares começassem a recuar com poucos anos de diferença.

Por outro lado, desde 2000, quase todos (200) dos 225 glaciares costeiros da Groenlândia estão em vários estados de recuo.

“Este estudo nos fornece ferramentas para determinar o papel dos humanos na perda de gelo da Groenlândia e da Antártida, para dizer com confiança que não é apenas coincidência”, disse o Dr. Alex Robel, glaciologista, coautor do estudo e professor da Escola de Ciências do Georgia Tech.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Instituto de Tecnologia da Georgia (em inglês).

Fonte: Georgia Parmelee, Georgia Tech.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account