Destaque

Nova metodologia avalia risco de rompimentos em barragens de detritos em uso na região onde ocorreu o desastre de Brumadinho

Fonte

Jornal da Unesp

Data

quinta-feira, 25 janeiro 2024 14:05

Cinco anos atrás, o Brasil se chocava com o rompimento da Barragem B1 da mina Córrego do Feijão, localizada no município de Brumadinho, MG. A barragem servia como depósito de rejeitos das atividades de mineração da mineradora Vale S.A., e o resultado foi a morte de 270 pessoas, além de dezenas de desabrigados. Agora, um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e de instituições universitárias de Minas Gerais e de Portugal identificou, na mesma região da microbacia do ribeirão Ferro-Carvão onde ocorreu o desastre, outras barragens com características que sugerem a possibilidade de futuros acidentes.

Ainda há barragens em áreas de risco

Segundo o novo estudo, quatro das seis barragens de rejeitos que existem hoje na região da bacia do ribeirão Ferro-Carvão, na cidade de Brumadinho, estão instaladas em regiões de alto risco geomorfológico. É o que diz o artigo publicado na revista científica Science of The Total Environment.

No artigo, os cientistas apresentaram uma metodologia desenhada especialmente para a avaliação da vulnerabilidade geomorfológica do terreno, uma abordagem que, segundo os autores, é frequentemente negligenciada pelos engenheiros no momento da escolha dos pontos para instalação das barragens e até mesmo pela literatura científica que se dedica a estudar os perigos que ameaçam essas estruturas. Ao aplicar a metodologia de análise à região onde estava localizada a barragem que se rompeu cinco anos atrás, os pesquisadores constataram que ela também estava em uma área de alto risco geomorfológico.

Uma das autoras do artigo é a Dra. Teresa Cristina Pissarra, professora do curso de Engenharia Agronômica do campus da Unesp em Jaboticabal, onde atua principalmente na área de engenharia da água e do solo. Ela disse que atualmente o processo de seleção das áreas mais adequadas para o estabelecimento de novas barragens de rejeitos leva em consideração a sua proximidade das atividades de mineração e certos critérios geotécnicos, que incluem a resistência do solo e das rochas para o recebimento do volume de rejeitos a ser depositado no interior da barragem. “A proposta do artigo é que, ao selecionarem uma área para o estabelecimento de uma nova barragem, os engenheiros passem a considerar também, além dos aspectos geotécnicos, a geomorfologia da área e, principalmente, da bacia em que está inserida”, destacou a pesquisadora

A professora Maria Pissarra é uma das líderes de um grupo de pesquisa que se dedica ao estudo de políticas em uso do solo. Entre os temas investigados pela equipe está a análise dos efeitos das ações antrópicas sobre os recursos hídricos e as unidades territoriais de uma bacia hidrográfica. Desde 2021, o grupo, que inclui pesquisadores do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), de Portugal, sob a supervisão do MP-MG e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), tem realizado pesquisas e monitorado a qualidade da água e dos sedimentos no rio Paraopeba, o principal curso de água afetado pelo rompimento da barragem, em 2019.

“Entre os trabalhos desenvolvidos pela nossa equipe está uma explicação geomorfológica de como se deu o rompimento. Um aspecto que pudemos identificar é a existência de várias nascentes naquela região onde estava a barragem que se rompeu. Resolvemos então trabalhar na microbacia do Ferro-Carvão e compreender melhor os aspectos geomorfológicos da área”, disse a professora.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unesp.

Fonte: Marcos do Amaral Jorge, Jornal da Unesp.

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